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Vice-presidente dos EUA diz que Putin quer colapso da ordem liberal

18/01/2017 10h59

Davos (Suíça), 18 jan (EFE).- O vice-presidente em fim de mandato dos Estados Unidos, Joe Biden, acusou nesta quarta-feira o presidente russo Vladimir Putin de utilizar todas as ferramentas para conseguir o "colapso" da ordem liberal internacional, e previu novas intromissões nos processos democráticos durante as próximas eleições em vários países europeus.

"Havendo eleições este ano em muitos países, deveríamos esperar mais tentativas por parte da Rússia de interfirir em processos democráticos. Vai acontecer de novo, eu prometo. E, de novo, o propósito é claro: colapsar a ordem liberal internacional", afirmou Biden em seu último grande discurso como vice-presidente dos EUA no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Alemanha, França e Holanda realizam este ano eleições na União Europeia (UE).

Biden se referiu aos ataques "cibernéticos contra partidos políticos e pessoas individuais" nos EUA por parte da Rússia, e à "elevada certeza" de que estes tinham como objetivo "influenciar as eleições" americanas em favor do então candidato republicano e agora presidente eleito, Donald Trump.

"Os EUA não foram o único alvo. A Europa experimentou o mesmo tipo de ataques no passado, e isto ocorrerá de novo", comentou Biden.

O vice-presidente disse que Putin tem "uma visão diferente da ordem internacional", uma que tenta impor com "todas as ferramentas disponíveis" para, entre outras motivações, levar ao abismo o projeto europeu e fomentar medos.

No Ocidente, acrescentou Biden, "ouvimos as vozes daqueles que desejariam dissolver a comunidade de democracias", mas a maior ameaça vem de ações antiliberais e externas que querem "romper" a ordem liberal internacional, advertiu.

"Este movimento é liderado principalmente pela Rússia", opinou o vice-presidente americano, ao citar como exemplo as "agressões" que Moscou emprega para agitar nações e encorajar a violência e o separatismo, como na Ucrânia; a utilização da "energia como arma" ao cortar o fornecimento de gás à Europa em várias ocasiões, e a corrupção que tem como objetivo "empoderar oligarcas e chantagear políticos".

"Vemos a propaganda e as campanhas de informações falsas, a agitação política em sistemas democráticos, tanto à esquerda como à direita, a fim de reverter décadas de progressos" no sistema ocidental, afirmou Biden.

O governo do presidente em fim de mandato, Barack Obama, tentou ao chegar à Casa Branca, "reiniciar" as relações com Moscou, mas Washington deixou claro que não reconheceria nenhuma nação que utilizasse o medo como influência.

"Os Estados soberanos têm o direito de tomar suas próprias decisões e de escolher suas próprias alianças", comentou Biden.

"Esta era nossa postura, é nossa postura e deve continuar sendo nossa postura", acrescentou, agora que os EUA poderiam se aproximar mais de Putin sob a liderança de Trump.

Além disso, o vice-presidente dos EUA reiterou o compromisso inquebrantável de seu país com todos os aliados da Otan e garantiu que isto "é uma obrigação sagrada" que não deve ser questionada.

Trump considera a aliança militar do Atlântico Norte obsoleta e a Rússia tenta resistir a sua presença no leste da Europa.

Além disso, Biden ressaltou seu compromisso com a Europa.

"Defender a ordem liberal internacional significa resistir às forças da desintegração europeia e manter a insistência de longa data sobre uma Europa inteira, livre e em paz", disse o vice-presidente americano.

"Significa lutar pela União Europeia", destacou Biden, e "significa manter a porta aberta para novos membros na UE e nas instituições transatlânticas", acrescentou.

Diante das críticas de Trump à UE e de suas previsões que mais países deixarão o bloco, Biden, sem citar o nome do presidente eleito, disse que a UE é um "aliado indispensável dos EUA" e que é do interesse de Washington manter uma estreita relação com o bloco e também com o Reino Unido após o "Brexit".

"Para todos os nossos cidadãos é mais seguro que trabalhemos juntos", opinou Biden, ao expressar seu desejo de que o governo Trump continue defendendo esta postura.