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FMI, BM e OMC reconhecem "impacto negativo" do comércio em alguns setores

10/04/2017 11h54

Berlim, 10 abr (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e a Organização Mundial de Comércio (OMC) reconheceram nesta segunda-feira que o comércio internacional vive um momento "crítico" pelo "impacto negativo" que exerceu no emprego de determinados grupos e comunidades.

Esta é a conclusão de um relatório destas três instituições multilaterais - favoráveis ao livre comércio e à globalização econômica - apresentado hoje em Berlim pela diretora gerente do FMI, Christine Lagarde, o presidente do BM, Jim Yong Kim, e o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo.

Não obstante, o documento, de 64 páginas, argumenta que o comércio internacional não tem por que gerar estes problemas e afirma que os efeitos negativos podem ser reduzidos "com as políticas corretas" em nível nacional, que devem "suavizar a adaptação ao comércio" e "reforçar a flexibilidade e o rendimento" econômicos.

"O comércio está deixando para trás muitos indivíduos e comunidades, especialmente nas economias avançadas", acrescenta o texto, intitulado "Fazer do comércio um motor de crescimento para todos: Em defesa do comércio e das políticas para facilitar a adaptação".

O relatório aponta "recentes evidências sobre os efeitos da concorrência através de importações nos empregos manufatureiros de certas áreas de Europa e Estados Unidos", o que "demonstra a dureza que podem ter essas consequências" se não forem articuladas políticas paliativas de forma simultânea.

"No futuro, aliviar os custos de reajuste do comércio deve ser um elemento central a mais das reformas comerciais, para evitar o custo social e econômico e para assegurar um amplo apoio ao comércio" internacional, propõe o relatório.

Neste sentido, o FMI, o BM e a OMC propõem uma série de medidas que vão desde mudanças para flexibilizar o mercado de trabalho a reformas educativas e melhorias nas políticas sociais.

No âmbito trabalhista, as três instituições defendem facilitar a mobilidade tanto entre setores produtivos como entre regiões, bem como aumentar as políticas ativas de emprego (assistência à pesquisa de trabalho, programas de treino) e consolidar as prestações públicas por desemprego.

Além disso, propõem que os sistemas educativos preparem os futuros trabalhadores para um mercado de trabalho com demandas mutáveis e que as leis de todos os âmbitos não freiem a mobilidade das pessoas.

Também são trabalhadas medidas para revitalizar comunidades deprimidas pelos ajustes trabalhistas, bem como reformas econômicas que favoreçam a criação de postos de trabalho.

O relatório aposta em uma maior integração comercial - ao invés de reverter esta tendência como pretendem setores protecionistas -, com o objetivo de "revitalizar o crescimento global" e a promoção de um "ambiente comercial inclusivo".

Neste contexto, o documento sublinha que manter o atual "sistema comercial global" orquestrado em torno da OMC é algo "crítico", apesar de poderem desempenhar um papel importante em novos acordos bilaterais ou regionais.

Objetivamente, o relatório destaca o papel da OMC na mediação de disputas comerciais e na promoção da transparência.

Está prevista uma reunião entre Lagarde, Kim e Azevêdo para esta tarde, também em Berlim, com a chanceler alemã, Angela Merkel, com Ángel Gurría, secretário geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), e com o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder.

Este será o nono encontro anual de Merkel com os responsáveis dos principais organismos econômicos multilaterais, que nesta ocasião se centrará em torno da cúpula do G20, organizada por Berlim este ano. EFE

jpm/cs