Túnis tenta recuperar força turística com apostas em novos projetos
Javier Martín
Túnis, 9 set (EFE).- A chegada de inovadores projetos, como a realização da World Legends Cup (WLC) - que reunirá em dezembro mais de 200 estrelas de futebol, inclusive brasileiras - e o retorno de hotéis e operadores confirmam a recuperação da indústria turística da Tunísia dois anos depois do grave atentado jihadista em um complexo hoteleiro na cidade de Sousse.
A mais recente empresa a apostar neste setor no país foi a rede suíça Mövenpick, que anunciou um novo hotel no país, além do que já possui na cidade costeira de Gammarth.
"Os ataques fazem parte do passado. A Tunísia avançou, segue avançando, está empreendendo novos projetos, e estamos centrados em poder atrair de novo os clientes perdidos do passado", disse à Agência Efe o diretor do hotel em Gammarth, Olivier Six.
"Estamos muito felizes de ver que, após as decisões de governos como o britânico (de suspender o alerta de viagem), o turismo começou a voltar, pouco a pouco. Naturalmente, a razão pela qual a Movënpick decidiu abrir um segundo hotel se baseia no potencial de turistas que vão voltar nos próximos dois anos", acrescentou.
Os números do atual verão local parecem confirmar esta tendência: segundo o Escritório Nacional de Turismo, pouco mais de 4,6 milhões de turistas visitaram a Tunísia nos últimos oito meses, o que significa um aumento de 57,8% com relação ao mesmo período do ano passado.
A maior parte deles chegou de redutos tradicionais de visitantes do país, ou seja, Argélia, França, Alemanha e Reino Unido, que gastaram mais de US$ 666 milhões, contou a ministra do Turismo, Selma Elloumi.
"O objetivo é atrair novos mercados como o russo e o dos países do Leste Europeu, aos quais a Tunísia voltou seus esforços nos últimos dois anos desde o atentado", acrescentou a ministra.
O governo tunisiano espera que a realização de um evento de grande impacto midiático como a World Legends Cup sirva para recuperar a imagem do país como destino turístico e promover definitivamente um setor vital para seus enfraquecidos cofres.
Promovido por uma empresa com sede na Holanda e com o selo da Fifa, o torneio, que será realizado a cada dois anos (a primeira edição será em 2017 na Tunísia) reunirá mais de 200 lendas do futebol mundial representando países como Brasil, Espanha, Itália, França, Argentina, Holanda e Estados Unidos.
A iniciativa faz parte da chamada visão "Tunísia 2020", um plano para atrair investimentos e recuperar a economia nacional lançado no ano passado pelo próprio governo, que financia grande parte da competição.
"Acredito que será um ponto de inflexão no turismo, vai ajudar a campanha de marketing, vai colocar no front os destinos turísticos, e vai levantá-lo", disse Six.
O objetivo final é dinamizar uma economia frágil na qual o desemprego e a imigração são um dos principais problemas, junto com uma galopante inflação, a queda do valor da moeda nacional, a queda das reservas de moedas e obstáculos de uma administração obsoleta.
"Investir na Tunísia, sobretudo no turismo, é ainda uma odisseia. A lei é ainda muito protecionista, a burocracia é um horror e o investimento prévio muito alto. Além disso, há um déficit de trabalhadores qualificados, que sabem ajudar e tratar o turista atual", alegou um empresário espanhol do setor.
A esta crítica somam-se os pequenos operadores locais, que advertem sobre as consequências de apostar de novo em um tipo de turismo de massa, de cruzeiros e viagens organizadas como na época da ditadura de Zine Abidine ben Ali.
"A Tunísia atrai um turismo barato, de turistas de classe média que buscam um sistema 'all inclusive' nos grandes hotéis. Nisso há muita competência. O país tem uma rica história, um deserto maravilhoso e outras alternativas que devem ser exploradas", afirmou o dono de uma pequena agência de viagens.
"É, além disso, um turismo muito frágil, exposto aos efeitos de um atentado como em 2015, que seria um golpe quase definitivo" para uma árdua transição política, a única que sobrevive às asfixiadas "Primaveras Árabes", ressaltou.
Túnis, 9 set (EFE).- A chegada de inovadores projetos, como a realização da World Legends Cup (WLC) - que reunirá em dezembro mais de 200 estrelas de futebol, inclusive brasileiras - e o retorno de hotéis e operadores confirmam a recuperação da indústria turística da Tunísia dois anos depois do grave atentado jihadista em um complexo hoteleiro na cidade de Sousse.
A mais recente empresa a apostar neste setor no país foi a rede suíça Mövenpick, que anunciou um novo hotel no país, além do que já possui na cidade costeira de Gammarth.
"Os ataques fazem parte do passado. A Tunísia avançou, segue avançando, está empreendendo novos projetos, e estamos centrados em poder atrair de novo os clientes perdidos do passado", disse à Agência Efe o diretor do hotel em Gammarth, Olivier Six.
"Estamos muito felizes de ver que, após as decisões de governos como o britânico (de suspender o alerta de viagem), o turismo começou a voltar, pouco a pouco. Naturalmente, a razão pela qual a Movënpick decidiu abrir um segundo hotel se baseia no potencial de turistas que vão voltar nos próximos dois anos", acrescentou.
Os números do atual verão local parecem confirmar esta tendência: segundo o Escritório Nacional de Turismo, pouco mais de 4,6 milhões de turistas visitaram a Tunísia nos últimos oito meses, o que significa um aumento de 57,8% com relação ao mesmo período do ano passado.
A maior parte deles chegou de redutos tradicionais de visitantes do país, ou seja, Argélia, França, Alemanha e Reino Unido, que gastaram mais de US$ 666 milhões, contou a ministra do Turismo, Selma Elloumi.
"O objetivo é atrair novos mercados como o russo e o dos países do Leste Europeu, aos quais a Tunísia voltou seus esforços nos últimos dois anos desde o atentado", acrescentou a ministra.
O governo tunisiano espera que a realização de um evento de grande impacto midiático como a World Legends Cup sirva para recuperar a imagem do país como destino turístico e promover definitivamente um setor vital para seus enfraquecidos cofres.
Promovido por uma empresa com sede na Holanda e com o selo da Fifa, o torneio, que será realizado a cada dois anos (a primeira edição será em 2017 na Tunísia) reunirá mais de 200 lendas do futebol mundial representando países como Brasil, Espanha, Itália, França, Argentina, Holanda e Estados Unidos.
A iniciativa faz parte da chamada visão "Tunísia 2020", um plano para atrair investimentos e recuperar a economia nacional lançado no ano passado pelo próprio governo, que financia grande parte da competição.
"Acredito que será um ponto de inflexão no turismo, vai ajudar a campanha de marketing, vai colocar no front os destinos turísticos, e vai levantá-lo", disse Six.
O objetivo final é dinamizar uma economia frágil na qual o desemprego e a imigração são um dos principais problemas, junto com uma galopante inflação, a queda do valor da moeda nacional, a queda das reservas de moedas e obstáculos de uma administração obsoleta.
"Investir na Tunísia, sobretudo no turismo, é ainda uma odisseia. A lei é ainda muito protecionista, a burocracia é um horror e o investimento prévio muito alto. Além disso, há um déficit de trabalhadores qualificados, que sabem ajudar e tratar o turista atual", alegou um empresário espanhol do setor.
A esta crítica somam-se os pequenos operadores locais, que advertem sobre as consequências de apostar de novo em um tipo de turismo de massa, de cruzeiros e viagens organizadas como na época da ditadura de Zine Abidine ben Ali.
"A Tunísia atrai um turismo barato, de turistas de classe média que buscam um sistema 'all inclusive' nos grandes hotéis. Nisso há muita competência. O país tem uma rica história, um deserto maravilhoso e outras alternativas que devem ser exploradas", afirmou o dono de uma pequena agência de viagens.
"É, além disso, um turismo muito frágil, exposto aos efeitos de um atentado como em 2015, que seria um golpe quase definitivo" para uma árdua transição política, a única que sobrevive às asfixiadas "Primaveras Árabes", ressaltou.
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