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Nas ilhas mais turísticas da Grécia, professores ficam sem ter onde morar

23/09/2017 09h58

Óscar Valero.

Atenas, 23 set (EFE). - A ilha grega de Santorini é conhecida pelas construções brancas, a vista do Mar Egeu e... pelos altos preços dos imóveis, resultado do crescimento do turismo. Por trás das imagens do paraíso está uma realidade que envergonha às autoridades: os professores passam enormes dificuldades para encontrar um lugar para viver.

Esse não é um caso isolado. Em ilhas como Mykonos, Syros, Corfu e Creta, em maior ou menor medida, a situação se repete e atinge também profissionais da saúde, todos sem condições de arcar com os astronômicos preços de uma casa nesses lugares.

Um apartamento pequeno em Santorini ou Mykonos, por exemplo, custa em média 700 euros (R$ 2.500) o mês. O valor é inviável para os docentes que recebem salários que giram em torno dos 800 euros (pouco menos de R$ 3 mil).

Foi o prefeito de Santorini, Nikos Zorzos, quem levantou o assunto depois de rumores de que professores dormiam nas praias da ilha por falta de um teto. Com a iniciativa "Adote um professor", Zorzos lançou um apelo aos habitantes da ilha pedindo ajuda para solucionar o problema e receber em casa um professor dentre as dezenas que chegam no início do ano letivo.

"Alguns ligaram para a prefeitura para disponibilizar o seu apartamento. A reação foi melhor do que o esperado. O problema é que em Santorini não tem moradia suficiente para alugar. Todo são apartamentos turísticos", lamentou Zorzos.

Plataformas de aluguel a curto prazo, como o Airbnb, foram, de acordo com a prefeitura de Santorini, as que fizeram com que o problema aumentasse, apesar de o prefeito sustentar que a história dos professores dormindo nas praias "foi um exagero".

"Ninguém dormiu na praia. Muitos conseguiram encontrar alguma hospedagem graças ao governo, alguns se instalaram em casas de colegas e 35 professores continuam em alojamentos provisórios", explicou.

Para Zorzos, a solução é fácil. Em Kamari, existem algumas propriedades do governo sem uso.

"O Estado precisa ceder o uso ou a posse para a prefeitura e poderemos transformar esses lugares em apartamentos que servirão de moradias exclusivas para os funcionários na ilha", destacou.

O Ministério de Educação contratou 15 mil professores interinos em meados de setembro e, apesar de ninguém poder escolher um destino específico - apenas a macrorregião -, ser enviado para as ilhas mais caras do país não faz parte dos planos de nenhum deles, principalmente porque não há ajuda de custo do Estado para o aluguel.

"A questão é muito séria não só para os professores, mas para todos os funcionários públicos. Não sei se alguém chegou a dormir na praia, mas sei que muitos dormem na sala da casa de colegas e ninguém consegue viver assim por muito tempo. Ninguém pode trabalhar nestas condições", declarou à Efe Niki Iliadi, administradora de um pequeno hotel em Santorini.

Para ela, o governo local poderia fazer mais, já que existem muitos prédios da prefeitura que poderiam se tornar apartamentos.

Para muitos dos 120 professores de educação infantil, primária e de ensino médio que desembarcaram no Arquipélago de Cíclades a situação é insustentável.

Segundo Zorzos, o período turístico em Santorini dura o ano inteiro. "No ano passado, 141 hotéis funcionaram no inverno. O problema foi amenizado, mas ainda persiste", ressaltou.

Em mais um ano letivo, Santorini, que recebe dois milhões de turistas por ano, continua mantendo a fama de destino conhecido internacionalmente, mas que deve ser evitado por funcionários públicos.