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Combate à poluição na China vira objetivo por maior crescimento econômico

29/11/2017 06h01

Jèssica Martorell.

Pequim, 29 nov (EFE).- A poluição na China afeta a produtividade dos trabalhadores, e se diminuísse em 1% com medidas que não abalem a produção industrial, poderia haver um aumento anual de 0,079% no PIB do país, segundo um estudo divulgado por universidades locais.

"A redução da poluição é boa para a saúde, mas também para a produtividade", disse o professor de Estratégia e Economia da Cheung Kong Graduate School of Business (CKGSB), Brian Viard, em um encontro com jornalistas em Pequim em que insistiu sobre a rentabilidade econômica da luta contra a poluição.

Embora habitualmente se costume debater o tema do ponto de vista de saúde, este relatório, elaborado pela CKGSB e as universidades de Xiamen e Politécnica de Hong Kong, põe foco nos efeitos na produtividade dos empregados e suas consequências para a economia.

Na China, muitos trabalhadores se ausentam dos postos de trabalho devido a graves problemas de saúde que, direta ou indiretamente, são causados pela má qualidade do ar, que pode provoca diminuição da função pulmonar, ritmo cardíaco irregular, aumento de problemas respiratórios e dores no peito.

Além disso, afeta a capacidade cognitiva, já que tem efeitos psicológicos que alteram o rendimento e aumentam a ansiedade.

Segundo Viard, isso provoca que muitos funcionários veteranos tenham que ser substituídos por outros mais jovens e inexperientes, o que impede que adquiram experiência plena para postos de alta qualificação.

De fato, a pesquisa revelou que os trabalhadores, especialmente os altamente qualificados, abandonam a longo prazo as áreas mais poluídas para evitar problemas de saúde.

Levando-se em conta todos estes fatores, a redução das particulas PM 2,5 (inferiores a 2,5 mícrons, as menores e mais prejudiciais para a saúde), teria um impacto positivo na economia de todas as empresas.

Em uma tentativa de combater os altos níveis de poluição, as autoridades chinesas estabeleceram como objetivo reduzir entre outubro deste ano e março de 2018 em pelo menos 20% (em relação aos últimos 12 meses) o nível de particulas PM 2,5 na área que engloba as cidades de Pequim, Tianjin e Hebei, a mais poluída do país.

Para cumprir esta meta, empresas foram analisadas para comprovar se adotam padrões mais respeitosos com o meio ambiente, e algumas fábricas foram fechadas para acabar com suas emissões poluentes, que, com a dos veículos, são uma das principais causas da poluição atmosférica.

Empresas de consultoria como a Capital Economics alertaram que estas medidas governamentais contra a poluição provocarão uma redução de 1% na produção industrial e de 0,5% no crescimento do PIB durante o inverno.

Por isso, Viard reiterou que o fechamento de fábricas não está entre as medidas analisadas no estudo para diminuir a poluição, e estimulou as autoridades a efetuar outras ações que não impliquem em uma redução da produção industrial.

O relatório estabelece que a cada 1% de redução de poluição atmosférica que se consiga através de medidas como essas, aumentaria o valor total agregado em todas as empresas em 11,8 bilhões de iuanes anuais (R$ 5,7 bilhões), o que representa 0,079% do PIB chinês.

Embora o estudo tenha foco no setor manufatureiro, os analistas apontaram que a diminuição das particulas PM 2,5 também permitiria a melhora da produtividade em outros setores.

"É possível dizer que a produtividade no setor de serviços também melhoraria se a poluição diminuísse", afirmou a pesquisadora do Centro Chinês de Economia e Negócios, Anke Schrader, citando como exemplo pessoas que trabalham ao ar livre e sem máscara por muitas horas, com exposição muito elevada ao ar poluído.