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Em Davos, Felipe VI pede respeito à Constituição em disputas na Catalunha

24/01/2018 12h49

Davos (Suíça), 24 jan (EFE).- O rei Felipe VI incentivou nesta quarta-feira os presentes no Fórum Econômico de Davos a investir em uma Espanha competitiva que cumpre com a lei e pediu que as disputas políticas na Catalunha sejam resolvidas com o máximo respeito à Constituição, que não é "um mero objeto decorativo", senão o pilar fundamental da convivência democrática.

Em seu discurso perante o plenário do Fórum de Davos, que reúne na 48ª edição cerca de 3 mil participantes, entre eles 70 chefes de Estado e de Governo, o monarca disse que a "recente crise" na Catalunha oferece como lição para todas as democracias do mundo a necessidade de preservar o império da lei como pedra angular da própria democracia e de respeitar o pluralismo político.

Frente à tentativa "de minar" na Catalunha "as regras básicas" do sistema democrático, Felipe VI advertiu que a soberania nacional pertence "a todos os cidadãos" e que o conforto e o progresso não serão alcançados com "isolamento ou divisão", após afirmar que a Constituição é "a expressão própria da vontade" dos espanhóis e "merece o máximo respeito" de todos eles.

Em seu discurso, Felipe lembrou que o Índice de Paz Global situa a Espanha entre as 19 "democracias completas" do mundo, atrás da monarquia britânica, e que a "causa nacional" de sua transição democrática foi construir "uma casa comum para todos os espanhóis", que dotou às Comunidades Autônomas um amplo autogoverno "difícil de encontrar em outros países", dentro e fora da Europa.

O 40° aniversário da Constituição oferece a oportunidade de reivindicar a "importância duradoura" do espírito de entendimento e solidariedade que proporcionou à Espanha um período de paz, liberdade e prosperidade sem precedentes, insistiu.

Antes de abordar a crise independentista na Catalunha, definiu esta região como "uma parte verdadeiramente fundamental da alma do país e sua identidade diversa".

"Os desacordos e as disputas políticas devem ser resolvidos de acordo com as regras democráticas e os valores estabelecidos na nossa Constituição e o nosso quadro legal", afirmou o monarca.

Os espanhóis, acrescentou, só obterão progresso e conforto no século XXI mediante "unidade de objetivos, metas comuns, ação acordadas e uma estratégia lúcida com visão de futuro".

Felipe VI dedicou grande parte de seu intervenção em Davos a tirar dúvidas sobre o futuro da Espanha, "um grande país" que, segundo argumentou, após sofrer com os efeitos da última crise, se transformou graças aos esforços compartilhados e às reformas aplicadas em uma economia "muito competitiva" e "uma excepcional oportunidade de investimento".

Apesar de ter sido "motivo de preocupação na UE" há poucos anos, continuou, a Espanha contribui agora positivamente ao fortalecimento da União, após crescer de forma sustentada durante três anos, de criar mais de dois milhões de empregos e de reduzir o déficit público em mais de 70 bilhões de euros.

Além disso, falou sobre o "tremendo dinamismo" das exportações espanholas, do crescimento dos investimentos diretos estrangeiros na Espanha, da excepcional rede de infraestruturas e da liderança internacional das empresas espanholas em setores como energia, finanças, têxtil, transportes e telecomunicações.

Em todo caso, disse que a melhora dos dados macroeconômicos não só deve conduzir a uma "luta efetiva contra o desemprego", mas também "reduzir as diferenças econômicas e a desigualdade social" para favorecer "a indispensável coesão social com um crescimento mais inclusivo".

O monarca, que convidou os presentes ao Fórum a investir na história "de sucesso" da Espanha, defendeu igualmente as vantagens que oferece sua condição como "um dos países mais seguros do mundo", a "excelência" de sua indústria turística e a importância do seu sistema de saúde, "elogiado por turistas, migrantes e residentes estrangeiros".

Além disso, "a sociedade espanhola recebeu com sucesso milhões de imigrantes" das mais diferentes culturas sem movimentos xenófobos ou racistas, segundo apontou o Rei, que dedicou a última parte do discurso a ressaltar a aposta da Espanha por uma "refundação da UE" que impulsione o projeto de construção europeia com o objetivo último de uma maior união política.

Neste processo, "não seguir adiante é andar para trás", proclamou o Rei, antes de acrescentar que a "Europa deve se reinventar e a alma dessa nova Europa deve refletir a alma dos seus cidadãos; para isso pode contar com a Espanha".

Antes de se dirigir ao plenário, Felipe VI se reuniou com o empresário chinês Jack Ma, fundador e proprietário do gigante do comércio eletrônico Alibaba, e escutou o discurso pronunciado no Fórum pelo presidente do Brasil, Michel Temer.