OCDE: Fratura social alimenta desconfiança institucional na América Latina
Paris, 28 mai (EFE).- Os elevados níveis de pobreza e as crescentes desigualdades na América Latina são alguns dos fatores que alimentam a alta desconfiança dos cidadãos nos seus governos, que, por sua vez, se veem carentes de apoio para desenvolver reformas.
Este é o panorama colocado pelo secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), José Ángel Gurría, no 10º Fórum Econômico Internacional sobre América Latina e Caribe em Paris.
"Três de cada quatro latino-americanos têm pouca ou nenhuma confiança nos seus governos" e "quase 80%" os considera corruptos, 15 pontos a mais que em 2010, afirmou Gurría, que alertou para uma "desconexão" com os cidadãos que "debilita o contrato social" e se constitui em "uma armadilha institucional".
Perante essa situação, afirmou que é preciso continuar com reformas estruturais que permitam, sobretudo, uma maior competência profissional das pessoas, mas isso "não pode dar seus melhores frutos sem um arcabouço institucional sólido, confiável e eficiente".
Quase todos os ministros ou responsáveis de organismos internacionais que discursaram neste fórum dedicaram uma parte dos seus discursos a defender o multilateralismo, mas evitando as acusações diretas aos Estados Unidos e a seu presidente, Donald Trump.
A titular da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), Rebeca Grynspan, ressaltou que a América Latina "é uma região que ainda não está infectada de forma majoritária pelo vírus do protecionismo".
No entanto, acrescentou que, para que a aposta da região tenha êxito, "o papel da Europa é fundamental", com a finalização dos acordos de livre-comércio pendentes e inclusive com a ampliação do seu campo de cobertura.
Em uma linha similar, o ministro de Economia francês e anfitrião do encontro, Bruno Le Maire, disse que frente aos movimentos protecionistas "é mais urgente que nunca construir um sistema comercial internacional equilibrado e justo".
Esse sistema tem que estar baseado, segundo disse, na reciprocidade e garantir, por exemplo, que os gigantes da internet estejam submetidos ao mesmo nível de fiscalidade que qualquer outra empresa, e não com vantagens.
Le Maire apontou que os acordos de livre-comércio que a União Europeia agora negocia com a América Latina já têm em conta os Acordos de Paris sobre a mudança climática, bem como cláusulas sobre direitos humanos, que ele quereria estender a outras sobre regras de governança e de luta contra a corrupção.
Já o ministro de Economia da República Dominicana, Isidoro Santana, se mostrou preocupado por "como se está tentando romper a ordem internacional criada depois da Segunda Guerra Mundial que resultou tão benéfica para a humanidade (...), e que permitiu tirar tanta gente da pobreza".
Por sua vez, a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, vinculou os ataques ao multilateralismo com o fato de que nos últimos anos a globalização debilitou os Estados e fortaleceu as multinacionais.
Bárcena, em todo caso, insistiu na convicção dos latino-americanos de que a multilateralidade é essencial para resolver problemas como a luta contra a evasão fiscal.
Além disso, foi quem introduziu a nota mais iconoclasta dos conferentes, ao pronunciar-se pela legalização das drogas, em benefício da América Latina.
Trata-se, segundo as explicações da mexicana, de regular a ilegalidade de um mercado negro que impede a juventude da região de ter acesso a um verdadeiro mercado de emprego.
Este é o panorama colocado pelo secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), José Ángel Gurría, no 10º Fórum Econômico Internacional sobre América Latina e Caribe em Paris.
"Três de cada quatro latino-americanos têm pouca ou nenhuma confiança nos seus governos" e "quase 80%" os considera corruptos, 15 pontos a mais que em 2010, afirmou Gurría, que alertou para uma "desconexão" com os cidadãos que "debilita o contrato social" e se constitui em "uma armadilha institucional".
Perante essa situação, afirmou que é preciso continuar com reformas estruturais que permitam, sobretudo, uma maior competência profissional das pessoas, mas isso "não pode dar seus melhores frutos sem um arcabouço institucional sólido, confiável e eficiente".
Quase todos os ministros ou responsáveis de organismos internacionais que discursaram neste fórum dedicaram uma parte dos seus discursos a defender o multilateralismo, mas evitando as acusações diretas aos Estados Unidos e a seu presidente, Donald Trump.
A titular da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB), Rebeca Grynspan, ressaltou que a América Latina "é uma região que ainda não está infectada de forma majoritária pelo vírus do protecionismo".
No entanto, acrescentou que, para que a aposta da região tenha êxito, "o papel da Europa é fundamental", com a finalização dos acordos de livre-comércio pendentes e inclusive com a ampliação do seu campo de cobertura.
Em uma linha similar, o ministro de Economia francês e anfitrião do encontro, Bruno Le Maire, disse que frente aos movimentos protecionistas "é mais urgente que nunca construir um sistema comercial internacional equilibrado e justo".
Esse sistema tem que estar baseado, segundo disse, na reciprocidade e garantir, por exemplo, que os gigantes da internet estejam submetidos ao mesmo nível de fiscalidade que qualquer outra empresa, e não com vantagens.
Le Maire apontou que os acordos de livre-comércio que a União Europeia agora negocia com a América Latina já têm em conta os Acordos de Paris sobre a mudança climática, bem como cláusulas sobre direitos humanos, que ele quereria estender a outras sobre regras de governança e de luta contra a corrupção.
Já o ministro de Economia da República Dominicana, Isidoro Santana, se mostrou preocupado por "como se está tentando romper a ordem internacional criada depois da Segunda Guerra Mundial que resultou tão benéfica para a humanidade (...), e que permitiu tirar tanta gente da pobreza".
Por sua vez, a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, vinculou os ataques ao multilateralismo com o fato de que nos últimos anos a globalização debilitou os Estados e fortaleceu as multinacionais.
Bárcena, em todo caso, insistiu na convicção dos latino-americanos de que a multilateralidade é essencial para resolver problemas como a luta contra a evasão fiscal.
Além disso, foi quem introduziu a nota mais iconoclasta dos conferentes, ao pronunciar-se pela legalização das drogas, em benefício da América Latina.
Trata-se, segundo as explicações da mexicana, de regular a ilegalidade de um mercado negro que impede a juventude da região de ter acesso a um verdadeiro mercado de emprego.
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