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Trabalhadores de saúde venezuelanos mantêm protestos e pedem apoio popular

16/07/2018 22h56

Caracas, 16 jul (EFE).- Os trabalhadores de saúde da Venezuela completaram nesta segunda-feira 22 dias de protestos por melhorias salariais e, diante da falta de respostas do governo, pediram aos cidadãos que se somem à "luta" do setor.

"Fazemos um chamado ao povo venezuelano para que se some à luta do setor da saúde (...), ao direito que você tem a ter insumos - materiais médicos - nos hospitais, mas também a um salário que satisfaça as necessidades básicas", disse a jornalistas a presidenta do Colégio de Enfermeiras de Caracas, Ana Rosario Contreras.

Em um hospital público do oeste de Caracas, no qual era possível escutar palavras de ordem como "salário digno já" e "povo, escuta, una-se à luta", Contreras afirmou que os protestos estão acontecendo em 90% dos centros de saúde pública da capital venezuelana, bem como em outros de todo o país.

Nesta segunda-feira se completaram 22 dias do conflito laboral entre os grêmios da saúde e o Estado venezuelano por melhorias nos hospitais e aumentos salariais que façam frente à rampante inflação de 2,8% por dia que assola o país, segundo dados oferecidos pelo parlamento, único poder controlado pela oposição.

O governo venezuelano não ofereceu respostas a estas manifestações, que acontecem diariamente nos hospitais das principais cidades da Venezuela, embora tenha pagado aos trabalhadores bonificações que não superam 30 milhões de bolívares (US$ 250 ou US$ 12, segundo a taxa de câmbio que se use) e que não incidem nos cálculos salariais.

As enfermeiras, face mais visível do conflito, asseguram que recebem o salário mínimo mensal do país, que se situa em 5.196.000 bolívares (US$ 43 ou US$ 2,1), que hoje não é suficiente para comprar sequer um quilo de leite.

Os trabalhadores do setor reiteraram nesta segunda-feira que continuam avaliando levar os protestos até às imediações do Palácio de Miraflores, sede do Executivo, e expressaram sua preocupação pela crise que sacode ao país e pulverizou seu poder de compra.

Além disso, lembraram que são os pacientes quem devem buscar pelos seus próprios meios os remédios e materiais para poderem ser atendidos em um centro de saúde, fatos que violam o direito constitucional à saúde.

O partido venezuelano Movimento ao Socialismo (MAS), antigo aliado do chavismo governante, criticou hoje a falta de respostas do governo de Nicolás Maduro aos protestos.

"As crises nos hospitais envolvem e afetam 500 mil trabalhadores entre pessoal médico, operário e administrativo por terem salários que não lhes permite nem comprar um par de sapatos", lamentou Jesús Tapia, secretário nacional juvenil do MAS.

Por sua vez, a legenda opositora Primeiro Justiça (PJ), do duas vezes candidato à presidência Henrique Capriles, responsabilizou Maduro pelo colapso não só do sistema de saúde, mas também dos serviços públicos em geral.

"É o momento de organizar as pessoas para que possam sair para exigir seus direitos", declarou em uma coletiva de imprensa o deputado e dirigente do PJ, Tomás Guanipa.

Guanipa indicou que o sistema venezuelano de transporte público colapsou há meses, uma situação que deixa os trabalhadores sem ter como chegar aos seus locais de trabalhos.

A Venezuela, país com as maiores reservas de petróleo no mundo, atravessa uma grave crise econômica traduzida em hiperinflação, escassez de remédios, alimentos e falhas nos serviços públicos.