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FMI alerta para desequilíbrio "excessivo" no setor externo global

24/07/2018 13h31

Washington, 24 jul (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta terça-feira para um desequilíbrio "excessivo" no setor externo em nível global, principalmente concentrado nas economias avançadas e que apresenta riscos à estabilidade das finanças mundiais.

"Cerca de 40% a 50% (dos desequilíbrios das balanças) por conta corrente mundial agora são considerados excessivos, ou seja, alguns países estão economizando demais e outros estão pedindo muitos empréstimos", explica o Relatório do Setor Externo do FMI, apresentado pelo economista-chefe da entidade, Maurice Obstfeld.

Em geral, os superávits e déficits por conta corrente no mundo em em 2017 se mantiveram praticamente sem mudanças em relação ao ano anterior, em cerca de 3,25% do PIB mundial, com uma concentração "crescente" nas economias avançadas.

De uma perspectiva global, os superávits excessivos "foram especialmente amplos e persistentes" em um pequeno grupo de países, principalmente em Alemanha e China, e em menor medida em Coreia do Sul, Holanda, Suécia e Singapura, indica o relatório.

Por outro lado, os déficits por conta corrente "excessivos" se concentraram nos Estados Unidos, Reino Unido, alguns países devedores da zona do euro e economias "vulneráveis" de mercados emergentes ou em desenvolvimento, como Argentina e Turquia.

O relatório também afirma que em 2017 a redução das brechas negativas em algumas economias em relação ao ano anterior, concretamente em Austrália, França, Itália, Arábia Saudita e Espanha, foi compensada com a ampliação de tais brechas de déficit em outros países, principalmente nos Estados Unidos.

O FMI determinou que os desequilíbrios externos constantes nas principais economias do mundo "apresentam riscos para a estabilidade global".

Os analistas concluíram que a flexibilização tributária atualmente em curso nos Estados Unidos "está levando a um endurecimento das condições monetárias, um dólar mais forte e um maior déficit na conta à ordem americana".

No curto prazo, essas tendências correm o risco de agravar as tensões comerciais e o conseguinte endurecimento "mais rápido" das condições financeiras mundiais, o que pode ser ainda mais prejudicial para as economias de mercados emergentes, especialmente aquelas com posições externas frágeis.

No médio prazo, segundo o relatório, o déficit sustentado que leva à ampliação das posições dos devedores em economias-chave pode restringir o crescimento mundial e possivelmente dar lugar a ajustes bruscos e prejudiciais nos preços dos ativos e das moedas.

"Essa descoberta é importante porque os desequilíbrios excessivos persistentes podem se tornar insustentáveis, colocando em risco a economia global e agravando as tensões comerciais", diz o relatório apresentado pelo economista chefe do FMI.

Essas diferenças, além disso, podem fazer com que os países deficitários "sejam vulneráveis às reversões repentinas dos fluxos de capital", quando os países prestamistas "ficam nervosos e tiram o seu dinheiro".