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EUA processam Huawei por fraude bancária e espionagem industrial

28/01/2019 21h47

Washington, 28 jan (EFE).- O governo dos Estados Unidos processou nesta segunda-feira a gigante chinesa do setor de tecnologia Huawei por supostamente cometer fraude bancária através da violação das sanções ao Irã e de roubo de segredos comerciais de uma concorrente americana.

O processo foi apresentado pelo Departamento de Justiça em um tribunal do Brooklyn, em Nova York, contra a Huawei, duas companhias afiliadas e a diretora financeira, Meng Wanzhou. No total, são 13 acusações de fraude e conspiração para burlar as sanções ao Irã.

A Huawei Technologies Co., maior fabricante de smartphones da China, foi alvo de uma ampla investigação por parte das autoridades americanas, que em dezembro do ano passado pediram à Justiça do Canadá a prisão de Meng Wanzhou.

Nesta segunda-feira, Washington confirmou que está buscando a extradição da executiva, que permanece em liberdade sob fiança no país vizinho, e cujo caso gerou uma forte tensão entre EUA, China e Canadá.

Segundo as autoridades americanas, a Huawei e suas filiais, com plena participação dos seus executivos, atuaram de forma "fraudulenta", cometendo uma série de crimes como fraude bancária, violação de sanções, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.

"Durante mais de uma década, a Huawei usou uma estratégia de mentira e engano para conduzir e fazer seu negócio crescer", afirmou em comunicado o promotor do distrito do Brooklyn (Nova York), Richard P. Donoghue.

Os EUA acusam a imprensa chinesa de criar um sistema para burlar as sanções contra o Irã, utilizando uma empresa chamada Skycom, da qual assegurava ter se separado, mas que seguia funcionando na prática como uma filial no país persa.

A acusação inclui especificamente Meng como parte dessa trama e a responsabiliza de enganar repetidamente bancos americanos sobre a relação entre a Huawei e a Skycom.

Em outro caso separado, os EUA acusam a empresa chinesa de roubar segredos comerciais da T-Mobile, concretamente uma tecnologia utilizada por essa companhia para fazer controles de qualidade em telefones celulares.

O diretor do FBI, Christopher Wray, destacou que a Huawei mostrou um "descarado desprezo pelas leis" americanas e garantiu que a empresa representa "uma dupla ameaça", tanto em matéria de segurança nacional como econômica.

A gigante chinesa está há tempos na mira do governo dos EUA, que na prática proibiu a companhia de instalar seus equipamentos de telecomunicação em grandes redes americanas diante do temor que poderiam ser utilizados para espionar.

As acusações de hoje são divulgadas no meio de uma crise entre Washington e Pequim, agravada após a detenção de Meng em dezembro no Canadá.

Na semana passada, o governo chinês pediu aos EUA que não formalizem o pedido de extradição da executiva e solicitou ao Canadá sua libertação imediata.

A controvérsia continuou nos últimos dias, quando o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, substituiu o embaixador do Canadá na China, John McCallum, depois que o diplomata fez declarações polêmicas sobre o caso.

McCallum tinha dado a entender que Meng, detida no Canadá no último dia 1º de dezembro, tem muitas chances de evitar sua extradição aos Estados Unidos.

Entre as razões expostas, o diplomata citou declarações de Trump, nas quais sugeriu que utilizaria o caso para pressionar nas negociações comerciais com a China, o que poderia dificultar que a Justiça canadense liberasse sua entrega aos EUA. EFE