Em entrevista, Carlos Ghosn diz que sua prisão é um "complô" contra ele
Tóquio, 30 jan (EFE).- O ex-presidente da Nissan Motor, o brasileiro Carlos Ghosn, atribuiu nesta quarta-feira sua prisão em Tóquio a um "complô" e sustentou ter sido "traído" por diretores da empresa quando tentou aprofundar a aliança entre Renault e Mitsubishi.
Ghosn foi preso na capital japonesa no dia 19 de novembro do ano passado e enfrenta acusações judiciais por supostamente ocultar milionárias compensações econômicas acordadas com a Nissan e supostamente utilizar a empresa para cobrir perdas financeiras pessoais.
Em entrevista concedida ao jornal "Nikkei" na prisão onde está detido, Ghosn negou as acusações e negou que sua gestão tenha se tornado uma "ditadura" liderada por ele
Ghosn sustentou que foi "traído" por outros diretores da Nissan opostos a uma "integração mais profunda" na aliança feita há duas décadas entre a Renault e a Nissan e à qual posteriormente se uniu a Mitsubishi.
Este plano para uma maior integração tinha sido analisado em setembro por Ghosn com o CEO de Nissan Motor, Hiroto Saikawa, e embora Ghosn queria vincular estas conversas a diretores da Mitsubishi, Saikawa preferiu mantê-los à margem.
Saikawa, quando deu explicações públicas sobre a detenção, assegurou que Ghosn, que conservava então as presidências da Renault, Nissan Motor e Mitsubishi Motors, concentrava muito poder.
Na entrevista à "Nikkei", que se prolongou por 20 minutos no centro de detenção de Tóquio onde está preso, Ghosn afirmou que as acusações de liderar uma "ditadura" só escondem a intenção de deslocá-lo.
Segundo Ghosn, quem o acusam disso só busca "distorcer a realidade" para "conseguir minha saída".
Ghosn disse, além disso, que alguns fatos dos quais é supostamente responsável era de conhecimento da direção da Nissan, que depois de sua detenção informou que a mesma foi resultado de uma investigação interna e de delações de diretores da firma.
"Fiz algo inadequado? Não sou advogado, não sei como interpretar esses fatos", afirmou Ghosn, nascido no Brasil e educado no Líbano e na França, país este último onde desenvolveu sua carreira profissional.
Sobre as condições da detenção, disse que tinha "altos e baixos", embora estivesse bem de saúde. Seus parentes se queixam publicamente de, entre outras coisas, as limitações na alimentação, que são comuns a todos os detidos. EFE
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