Os problemas de Amsterdã: festa, drogas, prostituição e turismo
Imane Rachidi.
Amsterdã, 31 jan (EFE).- A imagem de Amsterdã é a de uma cidade onde "tudo é possível" e onde as despedidas de solteiro, o uso excessivo de álcool e drogas, a prostituição e o turismo em massa são os principais problemas, segundo o último relatório do defensor público holandês, Arre Zuurmond.
"Os grupos de turistas que tiram fotos e vídeos são mal vistos, se penduram nas vitrines, mas não pagam, só incomodam as trabalhadoras sexuais. A imagem de Amsterdã é a de uma cidade onde tudo é possível e o Red Light District é elogiado como uma atração turística no mundo todo", ressaltou.
Zuurmond, que no ano passado ocupou manchetes de todo o mundo ao qualificar a cidade como "uma selva urbana", viveu durante um tempo na região das vitrines de prostituição da capital holandesa para "conhecer melhor os problemas" vividos pelos residentes e trabalhadoras sexuais.
O defensor público morou na região durante quatro meses, cinco dias por semana e durante seu experimento falou com mais de cem moradores, oficiais de polícia e funcionários do município e elaborou um relatório de três anos de investigação no qual também fez recomendações para melhorar a situação da cidade e das áreas mais visitadas pelos turistas.
O defensor do povo, que considera que Amsterdã "sofre de uma doença" que não pode ser curada facilmente, identificou sete causas fundamentais de preocupação: o lixo, o excesso de turismo, as pessoas sem lar, a falta de imóvel, o trabalho sexual, as drogas e a criminalidade.
"As despedidas de solteiro, as maratonas de bares e o uso excessivo de álcool e drogas por parte deste grupo de turistas é a causa principal dos problemas, mas também representa mais impostos ao sistema em termos de serviços hospitaleiros", reconhece em seu relatório, recentemente entregue à prefeita Femke Halsema.
Entre os conselhos, o defensor público acredita que há medidas que podem ser aplicadas em curto prazo, como a proibição de comer e beber em certas áreas para reduzir a quantidade de lixo porque "os turistas compram fast-food, comem na rua e deixam os restos".
Além disso, pede uma maior inspeção dos bares e cafés durante a noite e o dia, para supervisionar e combater o vazamento de resíduos e, como exemplo, afirma que em 19 de julho "os empresários não depositaram os resíduos corretamente em uma esquina e as gaivotas encontraram as sacolas, as romperam e a desordem estava em todas partes".
Na logística, a cidade de Amsterdã deve aproveitar seu papel de acionista no aeroporto de Schiphol para pressionar e exigir das autoridades aeroportuárias a redução da quantidade de voos baratos.
A cidade - segundo ressaltou - atrai um "grupo especial" devido à sua imagem: turistas com pouco dinheiro que buscam tudo o que é proibido em casa e que aproveitam plataformas digitais que oferecem opções econômicas, como os aplicativos de cupons de descontos Groupon e de aluguéis turísticos Airbnb.
No entanto, Zuurmond considera esta digitalização uma "desterritorialização" que faz com que os controles tradicionais das autoridades sejam mais complicados e que permitem aos grupos criminosos se aproveitar de uma "cidade aberta" para investir dinheiro "sujo" no setor turístico.
A cidade deve prestar atenção à prostituição, mas não às próprias trabalhadoras sexuais, mas aos operadores e donos dos bordeis, frisou Zuurmond, embora também considere que a política dos últimos anos de fechar uma série de vitrines no Red Light District "só levou a mais problemas", porque agora um maior número de turistas se concentra em uma área muito menor.
Para exemplificar a situação, o defensor público explicou que em 6 de setembro circulava pela rua e um desconhecido se aproximou para perguntar "se queria putas" (sic) e que, quando respondeu que não, então lhe ofereceu cocaína.
Dada a situação, recomendou a imposição de uma idade mínima aos visitantes do bairro, para evitar também que os menores tenham contato com o narcotráfico.
Zuurmond tipificou as moléstias no Red District como um "monstro com muitas cabeças" e assinalou, entre outras coisas, a buzina dos táxis, os que buscam clientes, cafés que mantêm as portas abertas no meio da noite ou as embarcações com música pelos canais.
"Meu medidor de som chega a 101.5 decibéis e me aconselha que não permaneça neste barulho por muito tempo", destacou. EFE
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