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Após sanções, PDVSA ficou "radioativa" para bancos dos EUA e de outros países

12/03/2019 17h17

Miami, 12 mar (EFE).- A petroleira estatal venezuelana PDVSA é "material radioativo" para os bancos americanos e de outros países devido à ampliação das sanções impostas pelos Estados Unidos.

A avaliação foi dada por especialistas que participavam da conferência anual contra lavagem de dinheiro organizada pela Associação de Banqueiros Internacionais da Flórida (Fiba). O evento reúne representantes dos órgãos de regulação do sistema financeiro mundial e mais de 60 entidades bancárias.

Formas de fazer negócios com a Venezuela sob o regime de sanções imposto pelo Departamento do Tesouro dos EUA, através do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), foi o tema de uma das primeiras palestras realizadas no evento nesta terça-feira.

As sanções, que começaram durante a gestão de Barack Obama, foram aumentando desde que Donald Trump chegou ao poder. E passaram a ter como alvos integrantes do governo, incluindo Nicolás Maduro. O governo americano reconhece Juan Guaidó como presidente do país.

"São sanções muito complicadas, muito difíceis de aplicar", disse Andrés Fernández, advogado, diretor da Holland & Knight, presidente do Comitê de Sanções da FIBA e conselheiro do OFAC.

"Vários bancos da Flórida e de outras partes do país optaram por não fazer nenhum tipo de transação com a Venezuela, apesar de nem todas estarem proibidas", disse Fernández a jornalistas.

Grande parte deles, segundo o especialista, não têm recursos para verificar rigorosamente cada operação com a Venezuela. Além disso, eles querem evitar serem punidos pelo governo americano ao cometer um erro e autorizar algo que está proibido.

Fernandéz destacou o anúncio feito pelo Departamento do Tesouro ontem sobre medidas que seriam tomadas contra o banco russo Evrofinance Mosnarbank por ajudar o governo da Venezuela a driblar as sanções econômicas americanas por meio da cripmoeda petro.

Para ele, a sanção deve servir de aviso para outros bancos.

O diretor da FIBA afirmou que a PDSVA se tornou "radioativa" para os bancos americanos e estrangeiros, que não podem mais realizar operações ligadas direta ou indiretamente com a empresa.

O vice-presidente e gerente de risco regulatório do Ocean Bank, Daniel Gutiérrez, disse que o mais trabalhoso para os bancos são as licenças gerais, que estabelecem proibições e exceções.

Segundo ele, empresas como a Chevron, que podem exportar petróleo da Venezuela, são proibidas de vender, por exemplo, outros diluentes. Esse tipo de detalhe dificulta o trabalho dos bancos.

Já John Tobon, agente especial do Departamento de Segurança Nacional (DHS), falou sobre a entrada de dinheiro ilícito dos corruptos venezuelanos no sistema financeiro americano.

O representante do governo dos EUA disse que é mais fácil entrar "dinheiro sujo" no país através de fraude contratual e outras artimanhas da corrupção.

Tobon explicou que um dos principais indícios que mostram que o dinheiro veio da corrupção é que, ao contrário dos recursos originados do narcotráfico e outras atividades ilícitas, essa verba entra sempre por meio digital e é usada para compra de casas, embarcações e carros de luxo.

Mas, além disso, as quantias chocam os reguladores. Segundo o agente especial, transferências de US$ 40 milhões, de US$ 50 milhões, são feitas rapidamente, de uma conta para a outra.

Perguntado se o governo americano entregaria o dinheiro apreendido a um governo de transição democrática na Venezuela, Tobon disse que existem mecanismos para realizar essa devolução e citou casos similares ocorridos com a Itália e a Nicarágua.

Tobon recordou o caso do filho do presidente de Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que teve bens expropriados nos EUA. O dinheiro obtido com a venda deles foi entregue a uma ONG que administra a verba para ajudar pessoas que vivem no país africano. EFE ar/lvl