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Setor automotivo põe pé no freio em previsões sobre condução autônoma

13/03/2019 10h03

Washington, 13 mar (EFE).- Acidentes mortais, dificuldades tecnológicas e exigências de legisladores podem atrasar a chegada dos veículos autônomos que são capazes de circular sem nenhuma intervenção de motoristas.

Uma das promessas dos automóveis autônomos que mais mexeu com a imaginação do público é a de uma futura diminuição substancial do número de mortos nas estradas que se alcançaria com a adoção da nova tecnologia.

O acidente protagonizado em março de 2018 por um dos automóveis de teste de condução autônoma do Uber no Arizona, no qual morreu uma transeunte, Elaine Herzberg, de 49 anos, pôs o pé no freio da rapidez com a qual nos dirigimos a um mundo de automóveis autônomos.

Após o acidente, o Uber decidiu deixar de utilizar sua frota de veículos autônomos de testes no Arizona, o que foi um claro revés em seus planos, apesar de ter mantido seu programa de condução autônoma nos estados da Pensilvânia e da Califórnia.

Outros acidentes, alguns deles mortais, de veículos autônomos ou semiautônomos, como os da Tesla, tiveram um impacto negativo nas perspectivas de quando os veículos autônomos se materializarão nas ruas e estradas.

Na semana passada, um diretor do alto escalão da Volskwagen (VW) reconheceu no Salão do Automóvel de Genebra que talvez o setor tenha sido otimista demais nas previsões sobre a tecnologia.

Em declarações aos meios de comunicação, Thomas Sedran, diretor de Veículos Comerciais da VW, comparou o desenvolvimento da tecnologia que permitirá aos automóveis circular sem nenhuma intervenção humana com o envio de seres humanos a Marte.

Sedran também antecipou que o nível 5 de veículos autônomos, o que realmente permite que um automóvel circule sem que um ser humano intervenha de nenhuma forma na viagem, nunca poderá ser aplicado de forma global dada as exigências tecnológicas requeridas.

Uma das companhias que mais "vendeu" a tecnologia de veículos autônomos é a fabricante de automóveis elétricos de luxo Tesla. Seu fundador, Elon Musk, utilizou frequentemente a promessa dessa tecnologia para fomentar a imagem dos seus veículos.

Em 20 de julho de 2016, Musk publicou no blog da Tesla a segunda parte do seu "plano mestre" da companhia que incluía promessas como: "quando os reguladores aprovarem a verdadeira condução autônoma, significará que será possível invocar seu Tesla basicamente de qualquer lugar".

"Uma vez que você estiver dentro, poderá dormir, ler ou fazer o que quiser no caminho até seu destino", acrescentou.

É importante notar que Musk pôs o peso da materialização dos veículos comerciais em que "os reguladores aprovem" a tecnologia e não em que o setor seja capaz de desenvolver a tecnologia que permita a condução autônoma segura.

A maneira como Musk e a Tesla, cujos veículos estão equipados com o sistema Autopilot, venderam esta tecnologia prejudicou a empresa.

Em março de 2018, uma pessoa morreu quando o Tesla que ocupava se chocou na Califórnia. No momento do acidente, o sistema Autopilot estava em funcionamento e o motorista não tinha as mãos no volante, segundo reconheceu a montadora.

Em 2016, outro motorista também morreu, desta vez na Flórida, quando seu Tesla se chocou contra um caminhão.

Em 2018, o Center for Auto Safety e o Consumer Watchdog, dois grupos de defesa dos direitos dos consumidores, acusaram a Tesla de mentir ao público americano com sua publicidade.

Musk fez uma previsão em um tweet publicado em janeiro de 2016 de que "em dois anos", seus veículos seriam capazes de percorrer os Estados Unidos de costa a costa sem motorista.

Neste mês, a Tesla atualizou finalmente seu site do Autopilot no que parece ser um reconhecimento de que a tecnologia caminha mais lenta que o desejado pelo seu fundador.

Como afirmou o site Arstechnica, a Tesla moderou seus prognósticos de um futuro de condução autônoma e agora inclui uma advertência sobre a capacidade da condução autônoma absoluta.

"O futuro uso destas caraterísticas sem supervisão dependerá de alcançar uma confiabilidade muito maior que a de motoristas humanos, demonstrada com bilhões de milhas de experiência assim como a aprovação dos reguladores, que pode levar mais tempo em algumas jurisdições", afirma agora a Tesla em seu site. EFE