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Presidente da Boeing descarta renúncia e diz que empresa recuperará confiança

29/04/2019 16h33

Nova York, 29 abr (EFE).- O presidente e executivo-chefe da Boeing, Dennis Muilenburg, disse nesta segunda-feira que não irá renunciar e que trabalhará para recuperar a confiança dos clientes para recolocar o modelo 737 MAX em circulação, depois de as aeronaves terem sido proibidas de voar em vários países devido aos acidentes ocorridos na Indonésia e na Etiópia.

Na primeira aparição pública após a queda do 737 MAX da Ethiopian Airlines em março, deixando 157 mortos, Muilenberg evitou afirmar que os acidentes foram causados por uma falha no software das aeronaves, batizado como MCAS, e defendeu a tese de uma "cadeia de eventos" afetou os dois voos.

O sistema, segundo ele, era apenas um ponto comum.

"Quando investigamos os acidentes, e isto é algo em comum com outros acidentes de avião que ocorreram ao longo da história, há uma cadeia de eventos, múltiplos fatores que contribuem", disse.

As primeiras investigações sobre o acidente com o 737 MAX da Ethiopian Airlines mostram que a tripulação seguiu todos os procedimentos de segurança, mas não conseguiu desativar o software de controle automático que fez a aeronave perder altitude.

Os pilotos reiniciaram o MCAS e utilizaram os controles manuais para tentar elevar o nariz da aeronave. No entanto, quando o sistema foi reativado, continuou direcionando o avião para baixo.

O mesmo ocorreu na Indonésia, um acidente que deixou 189 mortos.

Muilenberg reiterou que a Boeing está trabalhando em uma atualização de software para o sistema, evitando assim que a falha ocorresse novamente, assim como reforçará o treinamento para os pilotos que utilizam o mecanismo de controle automático.

Segundo o executivo, estes são só alguns dos passos para conseguir recuperar a confiança das companhias aéreas.

No entanto, como revelou o jornal "The Wall Street Journal", a Boeing não alertou às companhias aéreas e à Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) que tinha desativado um controle de segurança em modelos anteriores. Ele avisava que algum dos sensores não estava funcionando corretamente, como pode ser o caso que provocou a falha no MCAS.

De acordo com o sindicato de pilotos da companhia aérea Southwest, os manuais com os quais trabalham estão errados, já que a Boeing não tinha alertado sobre esta modificação. A mudança também não foi feita nos livros.

Perguntado pelos jornalistas, Muilenberg disse que não irá renunciar à presidência da empresa e reiterou seu compromisso com a Boeing, onde trabalha há mais 30 anos.

Nos primeiros resultados econômicos da Boeing desde as proibições internacionais dos voos com aviões 737 Max 8 e 9, a empresa anunciou um lucro de US$ 2,14 bilhões, 13% a menos que os US$ 2,47 bilhões conseguidos dos três primeiros meses de 2018. EFE