BID recomenda evitar "fortes viradas políticas" para atrair investimentos
Alfonso Fernández.
Punta Cana (República Dominicana), 15 mai (EFE).- As grandes necessidades de financiamento em infraestrutura e o avançado marco regulador facilitam a atração de investimentos para a América Latina, mas também é fundamental evitar "fortes viradas políticas" e manter as "regras de jogo", destacou nesta quarta-feira James Scriven, gerente do BID Invest.
"A incerteza joga contra os investimentos. As viradas políticas muito fortes não tranquilizam os investidores, por isso é importante não mudar das regras de jogo", afirmou à Agência Efe Scriven, que dirige o braço dedicado ao setor privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Punta Cana.
O BID Invest é coorganizador do PPP Américas 2019, principal fórum de Parcerias Público-Privadas da América Latina, que começou nesta quarta-feira neste centro turístico dominicano e que debate a necessidade de estreitar a colaboração entre países para diminuir o déficit em infraestruturas na região.
"Você pode ter um governo de esquerda ou de direita, mas quando certos ativos ou investimentos vêm com um marco regulador, é fundamental ser consistente a longo prazo. Vimos mudanças de governo em diferentes países. Se os marcos forem mantidos, os investimentos seguirão adiante", acrescentou.
A região atualmente investe cerca de 3,5% de seu PIB em infraestruturas, quando os cálculos do BID apontam que, para alcançar o nível de desenvolvimento adequado, seria preciso investir entre 5% e 6%, uma diferença equivalente a US$ 150 bilhões ao longo dos próximos anos.
Uma vez que o enorme volume de financiamento requerido não é "suficiente" com os fundos regionais, é preciso recorrer a investidores internacionais, e as PPPs são instrumentos que podem apresentar resultados benéficos para ambas partes, segundo Scriven.
"Os investidores avaliam a América Latina em comparação com outros lugares, Ásia, África, Europa e Estados Unidos. Por isso a mitigação de riscos é fundamental", ressaltou.
Do lado positivo, Scriven mencionou que a América Latina tem "um marco regulador mais avançado que outras regiões", o que torna a região mais atrativa.
"Tem a volatilidade política que pode deixar o cenário complexo no longo prazo. Mas acredito que muitos dos governos dos 26 países que representamos estão dispostos a abrir os mercados para atrair o setor privado", argumentou.
Scriven comentou ainda que "infelizmente alguns países da América Latina estão vivendo momentos de bastante incerteza política", como é o caso da Argentina que, segundo disse, está imersa em processo "pré-eleitoral que afeta de alguma maneira a percepção do risco-país".
No discurso de início da conferência, que terminará amanhã, o anfitrião do evento, o ministro da Fazenda dominicano, Donald Guerrero, destacou que as PPPs são um mecanismo que permite aumentar a capacidade de investimento além dos limites orçamentários, para avançar rumo a um "crescimento sustentável e inclusivo".
No entanto, frisou que o governo dominicano busca primeiro estabelecer um marco institucional e legal "sólido".
"Somos um país aberto e responsável", disse Guerrero, que lembrou que o governo do país caribenho enviou recentemente ao Congresso um projeto de lei de PPPs para reforçar o marco institucional antes de se envolver em projetos deste tipo.
O fórum em Punta Cana, que reúne mais de 500 representantes do setor público e investidores da região, é organizado pelo BID e por seu braço para o setor privado, o BID Invest, junto com o governo da República Dominicana.
Desde 2006, o BID aprovou mais de US$ 5,8 bilhões para o desenvolvimento de PPPs em diferentes projetos na região, entre eles o de saneamento de 15 municípios da Região Metropolitana do Recife. EFE
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