Ilha paradisíaca está no centro das tensões entre Irã e EUA
Artemis Razmipour.
Ormuz (Irã), 20 mai (EFE).- A ilha de Ormuz, no Irã, conhecida também como a ilha do arco-íris pelo seu matiz de cores, é um lugar paradisíaco situado em um ponto conflituoso, centro das atuais tensões entre Irã e Estados Unidos.
Situada no golfo Pérsico, bem no estratégico estreito de Ormuz, conta com uma natureza original de grande interesse turístico, principalmente devido à diversidade das 72 cores que decoram sua orografia de camadas de sedimento vulcânico e sal.
Com um total de 42 quilômetros quadrados, recebe anualmente cerca de 50 mil turistas, que visitam seu litoral, vales, cavernas e montanhas de sonhos, embora a situação atual possa prejudicar seriamente sua economia.
Hosein Deirestani, o diretor-executivo da agência de viagens Fardis, explicou à Agência Efe que a população de Ormuz, de 7.000 habitantes, está preocupada e faz continuamente "um acompanhamento" das notícias que aparecem nos meios de comunicação e nas redes sociais.
"Todo mundo quer saber o que vieram fazer no golfo Pérsico os novos navios militares americanos, embora não se veja nenhum movimento estranho", afirmou Deirestani.
Os EUA anunciaram nas últimas semanas o envio ao golfo Pérsico da doca de transporte anfíbio USS Arlington, mísseis Patriot, o porta-aviões USS Abraham Lincoln e bombardeiros.
Esta movimentação é parte da sua estratégia para pressionar o Irã, país ao qual impôs novas sanções, entre elas sobre as exportações de petróleo, após se retirar unilateralmente do histórico acordo nuclear fechado em 2015 entre Teerã e seis grandes potências.
Em resposta, as autoridades iranianas ameaçaram fechar o estreito de Ormuz, uma das rotas marítimas internacionais mais estratégicas do mundo entre Irã e Omã, pela qual passa uma boa parte do petróleo mundial.
Por isso, a ilha de Ormuz, no meio do estreito, volta a ser um ponto estratégico, o que já reconheceram há séculos os portugueses quando construíram ali uma fortaleza, da qual foram expulsos pelas tropas persas em 1622.
A fortaleza portuguesa é um dos lugares visitados pelos turistas, junto ao vale do arco-íris, a caverna de sal, as montanhas nevadas e a praia da Tartaruga, onde a gama de cores vai desde o branco e o amarelo, até o vermelho e o arroxeado.
Sua beleza natural, além de atrair turistas à ilha, serve também para a indústria dos produtos de beleza.
Ali Bazruj Hormozi, morador de Ormuz, explicou à Efe que a terra avermelhada da ilha tem propriedades "antioxidantes" e é usada para "artigos de maquiagem como batom e ruge".
"A maior parte da terra foi exportada e infelizmente esse ganho não repercutiu na ilha de Ormuz, ou apenas em pequena medida", lamentou Hormozi, que trabalha também como guia turístico e se queixou da falta de atenção das autoridades em relação à ilha, concretamente do estado das estradas e da falta de facilidades, como uma clínica.
Ormuz é uma ilha quase virgem, sem hotéis, embora o turista possa se hospedar nas casas de alguns de seus moradores, e com ligação de barco desde a cidade litorânea de Bandar Abbas e desde a ilha vizinha de Qeshm.
Dos 50 mil turistas que visitam a ilha todo ano, apenas 2.000 ou 3.000 são estrangeiros, embora, segundo Deirestani, este número tenha aumentado nos últimos meses por causa da forte desvalorização da moeda iraniana, que tornou este destino muito barato para os estrangeiros.
Agora, devido às altas temperaturas, é baixa temporada nas ilhas do golfo Pérsico, razão pela qual é difícil avaliar o impacto que terá no setor do turismo a tensão entre Irã e EUA. EFE
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