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Empresas tentam driblar falta de autonomia de veículos elétricos na China

09/07/2019 10h01

Paula Escalada Medrano.

Xangai (China), 9 jul (EFE).- Estações de troca de baterias, caminhões ou motoristas que levam o carro até a estação mais próxima são alguns dos sistemas implementados na China para fomentar a expansão dos carros elétricos e acabar assim com a temida escassa autonomia.

O país que mais vende carros elétricos do mundo, mais de um milhão no ano passado (85% a mais que um ano antes), é também um dos que mais investe no desenvolvimento de novos sistemas para atenuar um dos principais motivos da lenta expansão destes veículos, cujos modelos não superam os 500 quilômetros de autonomia.

Segundo lembrou à Agência Efe o diretor da analista Cairn ERA, Sam Jaffe, hoje em dia os carros elétricos têm ainda "perspectivas de crescimento limitado por causa do alto custo e pelo alcance de sua autonomia, por isso que uma solução para resolver isto é que haja uma infraestrutura de carga acessível e onipresente".

"A infraestrutura de carga ajudará os veículos elétricos a passarem de uma classe específica de veículos a uma opção de mercado em massa", disse o especialista.

Embora os incentivos financeiros por parte do governo chinês à compra de veículos elétricos estejam com as horas contadas (vão desaparecer durante os próximos meses), nos últimos anos, os US$ 60 bilhões investidos fizeram o setor florescer.

As ajudas repercutiram nas infraestruturas automotrizes, que não só estão trabalhando na manufatura de carros, mas também nos sistemas de carga.

Este é o caso da NIO, que apresentou há meses o NIO Power, "o primeiro sistema integrado de serviços de energia do mundo", segundo contou à Agência Efe Shen Fei, vice-presidente do NIO Power.

Os dois modelos que hoje em dia são vendidos pela companhia têm "um botão inteligente" que deixa o usuário "livre de preocupações", já que são oferecidas opções como a localização da estação de carga mais próxima e a solicitação de um caminhão de carga.

"São os novos modelos de pensamento e modelos de negócio na nova era, onde os dados e a conectividade móvel mudarão a experiência dos proprietários de automóveis elétricos", apontou Shen, que assegurou que "outras marcas" os imitaram.

Por exemplo, outro serviço da marca, o "serviço de valet", já está começando a ser implementado por firmas como Ford e Mercedes-Benz, assegurou o diretor. Graças a este serviço, é possível chamar a um motorista que leva seu carro e devolve carregado.

Um dos produtos de destaque da NIO são suas estações de troca de baterias. Em janeiro deste ano, apresentou uma rota completa: oito estações nos mil quilômetros que separam Pequim de Xangai.

Graças a estas estações, o carro entra e um robô troca a bateria por uma completamente carregada em apenas três minutos. Todos estes serviços têm uma tarifa mensal e são exclusivos para carros da NIO.

Um conceito similar embora ainda mais limitado é o oferecido pela BAIC, que começou recentemente a oferecer a troca de baterias entre seus usuários, também mediante o pagamento de uma tarifa mensal.

Junto com os sistemas de carga, também surgiram nos últimos meses aplicativos para telefones celulares que buscam oferecer ao usuário um planejamento para suas viagens.

No mês passado, o aplicativo do Grupo Alibaba Alipay (que também investiu no setor das baterias) lançou uma função chamada "Ant Charging" para seus 700 milhões de usuários, que permite encontrar a estação mais próxima de nove companhias de carga de carros elétricos, assim como seus preços e disponibilidades.

Um aplicativo similar tinha sido apresentado pelo gigante dos transportes Didi, que lançou o Xiaoju Charge em janeiro de 2018.

Apesar de estar previsto que todos estes novos serviços relacionados com a carga se multipliquem nos próximos anos, na opinião de Jaffe "a tecnologia que temos hoje é suficiente para resolver o problema e o que na verdade é preciso é que se expanda".

Segundo dados da Aliança da China de Promoção de Infraestrutura de Carga de Veículos Elétricos (EVCIPA), no país há cerca de 3 milhões de veículos elétricos totais ou híbridos e até 2018 só havia 770 mil estações de carga.

Carências que são aproveitadas para ampliar o negócio por marcas como a americana Tesla, que quer replicar o modelo de rede de estações de carga que possui nos Estados Unidos.

Assim, segundo anunciou recentemente a companhia de Elon Musk, já foram construídos na China 1,7 mil supercarregadores (em uma hora carrega o veículo) e 2,1 mil carregadores regulares. EFE