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Chanceler paraguaio e embaixador no Brasil renunciam por acordo sobre Itaipu

29/07/2019 14h58

Assunção, 29 jul (EFE).- O Ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Luis Alberto Castiglioni, apresentou sua renúncia nesta segunda-feira junto com o embaixador do país no Brasil, Hugo Saguier, assim como o presidente da companhia paraguaia de energia elétrica, Alcides Jiménez, após um acordo sobre a usina de Itaipu que provocou a primeira crise do governo de Mario Abdo Benítez.

Essas renúncias, anunciadas pela presidência, aconteceram um dia depois de Castiglioni informar que o governo deixaria sem efeito uma ata assinada com o Brasil sobre contratação de energia da hidrelétrica de Itaipu, que é compartilhada pelos dois países.

O acordo foi repudiado na semana passada pela oposição, que o classificou como "entreguista" e denunciou que teria sido firmado em segredo. Já alguns legisladores ressaltaram que o acordo poderia ser motivo de abertura de um processo de impeachment contra Abdo Benítez.

Castiglioni anunciou na noite de domingo que o governo voltaria atrás nesse acordo, pouco depois que foi informado o cancelamento da viagem oficial do presidente à Turquia.

A assinatura da ata, que ocorreu em maio, só chegou ao conhecimento da opinião pública na última quarta-feira, com a renúncia do presidente da estatal de energia elétrica Administración Nacional de Electricidad (Ande), Pedro Ferreira, que na mesma quarta-feira foi substituído por Jiménez, que também acabou renunciando hoje.

Ferreira denunciou que os representantes da Ande nas negociações foram substituídos por Saguier e outros funcionários do Ministério das Relações Exteriores.

O Brasil, através da Eletrobras, solicitou ao Paraguai nessas conversas que comprasse energia com base em seu consumo e que apresentasse um cronograma até 2022, um ano antes da negociação do Anexo C do Tratado de Itaipu de 1973, algo que não costumava ser feito pelo lado paraguaio.

Sobre essa questão, Castiglioni disse que o objetivo era conseguir um contrato que garantisse "previsibilidade" diante das irregularidades que existiam.

A oposição, no entanto, denunciou que isso significava uma cessão de soberania energética ao Brasil e um indicativo da atitude "entreguista" do governo em relação à negociação do Anexo C do Tratado de Itaipu em 2023.

Para a tarde de hoje está prevista a presença de Castiglioni no Senado, que na sexta-feira aprovou a criação de uma Comissão Bicameral de Investigação que terá 60 dias para analisar o cronograma de compra de energia do Brasil. EFE