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Governo francês dará apoio diplomático a Ghosn "como a qualquer cidadão"

31/12/2019 09h49

Paris, 31 dez (EFE).- A secretária de Estado de Economia e Finanças da França, Agnès Pannier-Runacher, afirmou nesta terça-feira, após receber a notícia da fuga de Carlos Ghosn do Japão, que o ex-presidente da Nissan contará com apoio diplomático como qualquer outro cidadão perseguido pela Justiça de um país estrangeiro.

"Se um cidadão estrangeiro escapasse da Justiça francesa, ficaríamos muito irritados, mas ele é um cidadão francês, terá o apoio diplomático garantido", disse Pannier-Runacher em entrevista à emissora "France Inter".

Ghosn chegou na noite passada a Beirute, depois de fugir do Japão, onde estava em liberdade sob fiança enquanto aguardava um julgamento que poderia acarretar uma longa pena nas prisões japonesas.

Em declaração emitida pelo advogado, Ghosn - que tem as nacionalidades brasileira, libanesa e francesa - disse ter fugido de um "sistema jurídico japonês parcial onde existe uma presunção de culpa, a discriminação é generalizada e os direitos humanos são violados".

"Estou muito surpresa com as notícias. Ouvi falar disso na imprensa ontem à noite. Não estou fazendo nenhum comentário em particular porque ainda não entendemos o que aconteceu. Temos o dever de oferecer apoio diplomático a todos os cidadãos franceses", reafirmou a secretária.

Pannier-Runacher disse que o governo francês interveio "precisamente" para facilitar as condições da prisão de Ghosn, e destacou que o empresário não está nem acima nem abaixo da lei.

"Não acho que isso vai complicar o futuro da aliança. Tomamos decisões precisamente para acompanhar os novos líderes e virar a página", defendeu, elogiando o trabalho de Jean-Dominique Senard, que substituiu Ghosn no cargo de diretor executivo da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.

Segundo Pannier-Runacher, a prioridade do governo é o futuro da aliança e as "profundas transformações" da indústria automotiva, como a mudança dos motores e o veículo autônomo, assim como dos trabalhadores por trás deste setor na França. EFE