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Ministro diz que dívida argentina é "impagável" e teme impacto da Covid-19

21/03/2020 02h17

Buenos Aires, 20 mar (EFE).- O ministro da Economia da Argentina, Martin Guzman, disse nesta sexta-feira que a elevada dívida externa do país "é impagável" e que o momento da recuperação econômica é incerto devido à crise da pandemia do novo coronavírus.

Guzman fez uma apresentação em Buenos Aires que foi transmitida pela internet e na qual explicou o desenvolvimento macroeconômico do país, que está em recessão há dois anos, e "os princípios da sustentabilidade da dívida" em um momento chave das negociações que estão sendo conduzidas com os credores.

"A atual dívida pública argentina não é financiável, é excessivamente onerosa e não é sustentável", admitiu.

O governo argentino está buscando reestruturar US$ 69 bilhões em títulos emitidos sob legislação estrangeira.

CALENDÁRIO CURTO.

No final de janeiro, o governo do presidente Alberto Fernández anunciou um calendário que previa que, na primeira semana de março, o país determinaria a estrutura final da oferta aos credores "com o objetivo de restaurar a sustentabilidade da dívida pública externa".

Já na segunda semana, a proposta seria oficialmente feita, e estavam agendadas reuniões com os credores, mas este plano teve que ser adiado em meio à explosão da crise do coronavírus.

Na apresentação de hoje, Guzman convidou os credores a participarem, na próxima semana, de "discussões construtivas" sobre o programa macroeconômico. Ele reiterou que o país intensificará o compromisso com o pagamento da dívida com base na transparência e nos esforços de "boa fé".

"O governo quer recuperar a capacidade de crescimento da Argentina e oferecer condições para o retorno aos mercados internacionais", acrescentou.

Segundo Guzmán, "a atual trajetória da dívida é impagável sob hipóteses realistas de desempenho fiscal primário e crescimento econômico", e por isso a estratégia é "colocar a dívida da Argentina em um caminho sustentável".

CRESCIMENTO DE 2,5% A 3% EM 2021.

Para este ano, o governo prevê uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 1% a 1,5%, mas em 2021 acredita em um crescimento de 2,5% a 3%, embora estas previsões tenham sido feitas antes da pandemia de Covid-19.

Para Guzmán, no há mais margem para que o governo aprofunde o ajuste fiscal.

"Nenhum superávit primário plausível pode estabilizar a trajetória da dívida", disse.

"O momento e a intensidade da recuperação também são incertos devido à situação do coronavírus, que pode prolongar a crise", acrescentou.