Após superar pandemia, China tenta enfrentar o agravamento do desemprego
A China, que conseguiu reduzir drasticamente os casos e mortes por covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, se volta para enfrentar agora outro grave problema, o desemprego decorrente da desaceleração econômica gerada pelas medidas restritivas adotadas para enfrentar a pandemia.
Em 2019, o índice oficial de desemprego urbano não passou de 5,3%. O número saltou para o recorde de 6,2% já em fevereiro desse ano, mês em que as autoridades estenderam as férias pelo Ano Novo, como forma de impedir a propagação do vírus.
Aquele foi o momento em que o impacto na economia começou a se tornar aparente, começando a afetar os trabalhadores. Foi o caso de Li, de 36 anos, que depois de uma redução de 70% no salário mínimo de Pequim, foi demitido.
A situação fez dezenas de pessoas enfrentarem a fila do Ministério do Trabalho da China, por causa das indenizações.
Nas ruas de Pequim, onde a normalidade está quase nos níveis anteriores à covid-19, os rastros da crise econômica são perceptíveis. Não é incomum encontrar lojas vazias, fechadas e invadidas.
Em Guangzhou, no sudeste do país, o cenário é diferente. Uma das províncias manufatureiras está sentindo a saída de trabalhadores migrantes, que não conseguem encontrar emprego na indústria têxtil, pois os pedidos vindos do exterior despencaram.
Em um comunicado publicado na semana passada no site do Ministério das Finanças, o governo indica a promoção da contratação de mão de obra seja considerada "prioridade" atual.
A pasta está comprometida em fazer "tudo o que for possível" para estabilizar e expandir o emprego.
Para isso, o governo chinês planeja fazer uso extensivo de auxílios desemprego e bônus de contratação, enquanto tenta reduzir a carga tributária sobre as pequenas e médias empresas.
Tudo isso, com o objetivo de reduzir a taxa de desemprego urbano de 6% em abril, número que, no entanto, não inclui a maioria dos trabalhadores ou reflete situação nas áreas rurais.
A empresa de consultoria Capital Economics acredita que "o nível real de desemprego pode ser o dobro, já que cerca de um quinto dos trabalhadores migrantes (de um total de cerca de 300 milhões na China) não retornaram às cidades".
Para Geoff Crothall, porta-voz da organização China Labour Bulletin (CLB), a maioria dos trabalhadores demitidos não pode ficar desempregada por muito tempo e aceita "empregos mal remunerados, inseguros ou precários, a fim de sobreviver".
No momento, isso não levou a greves porque "os trabalhadores ainda relutam em grandes protestos ou reuniões", devido ao risco de contágio do coronavírus, conforme explicou Crothall.
Para piorar, a situação se agrava com a chegada no mercado de trabalho de cerca de 8,7 milhões de graduados nas universidades.
Os dados mais recentes para pessoas em idade escolar não são animadores: o número oficial de desemprego urbano em abril entre os trabalhadores do segmento entre 16 e 24 anos aumentou para 13,8%.
Com a demanda enfraquecida, Pequim terá dificuldades para recuperar o terreno perdido e avançar com seu plano de transformar a segunda maior potência econômica do mundo em uma economia baseada no consumo.
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