IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

América Latina perdeu 26 milhões de empregos em 2020, segundo OIT

09/04/2021 01h26

Lima, 8 abr (EFE).- A América Latina e o Caribe perderam cerca de 26 milhões de empregos em 2020, como resultado de uma queda de 57,4% para 51,7% da taxa média de ocupação durante a pandemia, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Ainda segundo a OIT, 80%, ou seja, mais de 20 milhões de pessoas, deixaram a força de trabalho devido a uma série de fatores estruturais na região.

"A busca por uma normalidade melhor exigirá ações ambiciosas para recuperar dos retrocessos no mundo do trabalho", declarou o diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, o brasileiro Vinícius Pinheiro, em um comunicado da entidade.

O representante regional afirmou que, na busca pela recuperação, será inevitável abordar as condições pré-existentes na região.

"São fundamentais para entender por que o impacto da pandemia no emprego foi tão forte. Entre eles estão a alta informalidade, espaços fiscais reduzidos, desigualdade persistente, baixa produtividade e baixa cobertura de proteção social, além de problemas que ainda persistem, como o trabalho infantil e o trabalho forçado", disse.

Além dos empregos perdidos, a região sofreu uma forte diminuição das horas trabalhadas e uma redução na renda oriunda do trabalho, o que representa 80% do que as pessoas na América Latina e no Caribe ganham.

De acordo com os dados disponíveis de sete países da região, a recuperação de empregos no segundo semestre de 2020 foi impulsionada pelo crescimento do trabalho informal, que responde por 60% do aumento total da ocupação.

Roxana Maurizio, especialista regional em economia do trabalho do OIT e autora do relatório, intitulado "Transcendendo a crise laboral pela pandemia: rumo a uma recuperação do emprego focada nas pessoas", advertiu que há um alto risco de aumento do trabalho informal, cujos índices já eram altos nesses países mesmo antes da pandemia do novo coronavírus.

"O déficit de trabalho formal, por sua vez, provavelmente se tornará mais evidente para certos grupos de trabalhadores, como jovens, mulheres e adultos com menor qualificação, grupos que estruturalmente apresentam maiores dificuldades para encontrar um emprego formal", comentou a especialista.

"As perspectivas de recuperação econômica em 2021 são modestas e ainda muito incertas, por isso as expectativas sobre uma possível inversão da situação crítica do mercado de trabalho devem ser muito cautelosas", acrescentou. EFE

mmr/dr/id