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Diretora do FMI recomenda proteção a gastos sociais, mas sem maiores déficits

15/06/2022 20h42

Bridgetown, 15 jun (EFE).- A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, recomendou que os países "protejam os gastos sociais" neste momento de crise e inflação, mas implementando políticas "eficientes" para evitar "maiores déficits e dívidas de curto prazo".

Em entrevista à Agência Efe nesta quarta-feira em Barbados, onde está em visita para participar de conferências, Georgieva afirmou que será "difícil" para os governos subsidiar o custo de alimentos e energia, cujos preços dispararam devido à guerra na Ucrânia.

"A guerra na Ucrânia está pesando sobre o crescimento e elevando a inflação. Os altos preços dos alimentos e da energia prejudicam os orçamentos de todas as famílias, mas são devastadores para as pessoas que já vivem na pobreza", declarou.

Para ajudar a encontrar "um equilíbrio adequado" entre gastos sociais e déficit, a diretora-gerente do FMI afirmou que é preferível dar subsídios diretamente às pessoas e revisar isenções fiscais equivocadas, entre outras medidas.

FOCO NOS MAIS NECESSITADOS.

"A principal prioridade é garantir que as pessoas possam pagar por comida e eletricidade. Aconselhamos os países a proteger os gastos sociais para garantir que ninguém passe fome", ressaltou.

Para isso, Georgieva, diretora-gerente do FMI desde 2019, indicou que o FMI ajuda os governos a aprender a "esticar cada dólar, para que seja mais benéfico para quem mais precisa".

"Os pagamentos diretos às famílias são geralmente melhores do que os subsídios de preços que beneficiam os mais abastados", comentou a ex-diretora-geral do Banco Mundial entre 2017 e 2019.

Georgieva explicou que o FMI também ajuda os países a "planejar o médio e longo prazo" para garantir que "podem apoiar as pessoas agora e continuar a pagar empréstimos e acessar o crédito no futuro".

"O aumento dos gastos sociais pode levar a maiores déficits e dívidas de curto prazo. Ao mesmo tempo, medidas para reduzir a inflação aumentarão os custos de novos empréstimos e pagamentos de juros sobre a dívida existente", alertou.

AJUSTES DE PREÇOS E REFORMAS TRIBUTÁRIAS.

Na opinião de Georgieva, uma forma de gerir esta situação é "permitir que os preços internos se ajustem aos preços internacionais mais elevados e, ao mesmo tempo, prestar ajuda temporária e bem direcionada às famílias mais pobres".

"Se os programas de redes de segurança não forem bem desenvolvidos e houver subsídios de preços, os governos podem permitir que os preços subam mais gradualmente, mas isso é mais caro para eles", acrescentou.

Georgieva, que também foi vice-presidente de Orçamento e Recursos Humanos da Comissão Europeia, disse que é essencial proteger também os gastos com saúde, educação e investimento público.

"Isso pode ser pago com reformas fiscais, como o fortalecimento dos impostos de renda e a garantia de que eles se concentrem naqueles com melhor capacidade de pagamento. Isso impulsionará o crescimento e o tornará mais inclusivo, além de ajudar os países a pagar a dívida ao longo do tempo", frisou.

Por isso, aconselhou os governos "a reverem novamente as isenções fiscais equivocadas ou regressivas que estão drenando recursos de necessidades urgentes".

"Os governos podem economizar dinheiro reduzindo subsídios desnecessários e tornando os gastos sociais mais eficientes", opinou. EFE