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Governo abre inscrição de projetos para financiamento pelo Fundo Brasil-China

Lu Aiko Otta

Brasília

26/06/2017 17h26

O governo brasileiro começou nesta segunda-feira, 26, a receber inscrições de projetos candidatos a financiamento ou participação no equity do Fundo Brasil-China de Cooperação para Expansão da Capacidade Produtiva, por meio da página do Ministério do Planejamento na internet. A porta de entrada foi aberta hoje, segundo anunciou o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Jorge Arbache. Foi escolhido um horário que pudesse dar alguma isonomia entre os investidores nacionais e os chineses.

O Fundo terá um valor nocional de US$ 20 bilhões e é uma experiência inédita tanto para o Brasil quanto para os chineses. Diferente dos demais 15 disponibilizados pelo país asiático, esse fundo tem gestão paritária, com três votos de cada lado. Além disso, os chineses abriram mão de exigir que os projetos financiados contratem construção ou comprem equipamentos na China.

"O ganho é a ponte que vamos fazer com a China", disse Arbache. Ele destacou a demonstração de confiança dos asiáticos, ao concordar em fazer com o Brasil algo singular. "Eles não têm isso com nenhum outro país, e isso não é pouco", destacou. "Acham que aqui tem boas oportunidades, mas também que o Brasil era o melhor candidato para criar junto algo tão novo."

A China vai usar essa experiência para replicar em outros países da América Latina, segundo informou o embaixador do país no Brasil, Li Jinzhang. "E suspeito que o fundo vai inspirar o relacionamento de outros países com o Brasil", disse Arbache. Segundo informou o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, na última sexta-feira, Itália e França já demonstraram interesse em fazer algo semelhante.

O Fundo faz parte da estratégia brasileira de diversificar fontes de financiamento, principalmente para as concessões em infraestrutura, conforme comentou Dyogo.

Não se trata da alocação de recursos públicos, e sim de uma fórmula pela qual os governos dos dois países darão uma espécie de selo de qualidade para que os bancos dos dois lados entrem com financiamento ou mesmo com participação. Do lado do Brasil, a preferência será dada para Caixa e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Do lado chinês, será o Claifund, que é o fundo de investimentos para a América Latina.

Os recursos serão alocados na proporção de três da China para um do Brasil. As taxas de juros serão determinadas a cada projeto. O financiamento poderá chegar a 100%, segundo Arbache.