Integrantes da equipe econômica aplaudem defesa de Pauderney Avelino da TLP
A equipe econômica escalou um time de peso para defender a TLP, nova taxa balizadora dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na primeira audiência pública sobre o tema. Trata-se de uma demonstração de que o tema é de grande interesse da equipe econômica, apesar das críticas do presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, à medida em entrevista na semana passada ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
"Com TLP, temos oportunidade de ter mais cuidado com o dinheiro dos trabalhadores", disse Avelino, lembrando que uma parte do funding do BNDES é composto por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O democrata também criticou a política de "campeões nacionais", por meio da qual a gestão anterior turbinou o crédito subsidiado para uma lista de grandes empresas.
Avelino disse ainda que a diferença entre a Selic, hoje em 10,25%, e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), em 7% ao ano e que atualmente baliza os empréstimos do BNDES, é "incentivo para inflação e juros altos".
A defesa gerou uma reação efusiva por parte dos integrantes da equipe econômica, incluindo o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, que aplaudiu o discurso do deputado. Kanczuk, que participou das discussões para a elaboração da TLP, era quem mais reagia às afirmações contrárias à TLP, inclusive colocando as mãos sobre a cabeça e balançando negativamente quando o professor Ernani Teixeira Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), questionou os argumentos do Banco Central de que a TLP ampliará a potência da política monetária.
"O governo não publicou nenhum estudo analítico sobre impacto da TLP", criticou Teixeira Filho. "Realmente 50% dos créditos, empréstimos do Brasil são direcionados, mas o governo está preocupado com estoque ou com novos empréstimos? Essa é pergunta que já fiz várias vezes e não obtive resposta. E a literatura de política monetária é opaca", disse, despertando a reação do secretário. "O impacto da TLP sobre política monetária será residual ou nulo, mas estou esperando o governo", emendou o professor.
O professor da UFRJ defendeu ainda que o spread da TLP (parte da taxa que fica acima da inflação) seja metade do que é verificado hoje na NTN-B de cinco anos, título público ao qual a nova taxa de longo prazo será atrelada. "IPCA como indexador é perfeito, razoabilíssimo, é indexador que tem correspondência no mercado financeiro, não vejo problema nenhum. (Vincular à) NTN-B de cinco anos é um absurdo, BNDES não terá nenhuma capacidade de atuar, e o futuro a Deus pertence", disparou Teixeira Filho.
O professor disse que, na sua visão, a nova TLP vai aumentar o custo do investimento de longo prazo.
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