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FMI: Brasil pode ter nova rodada de rebaixamento sem reforma da Previdência

Ricardo Leopoldo, correspondente

Nova York

13/07/2017 20h47

O Fundo Monetário Internacional apontou que o principal risco doméstico para o Brasil no curto prazo é "um fracasso" na adoção da reforma da Previdência Social, ou uma "considerável diluição desta reforma no Congresso", o que ocorreria possivelmente como resultado de novos desdobramentos da crise política. "O fracasso poderia colocar a consolidação fiscal em risco e poderia provocar mais uma rodada de rebaixamentos da nota soberana", apontou o Fundo, no âmbito da conclusão do Artigo Quarto de Consultas da instituição multilateral ao País.

Naquele contexto, o FMI aponta que os "mercados poderiam reagir negativamente e os ganhos de confiança poderia ser revertidos, levando a economia de volta à recessão." Para o Fundo, a ausência da reforma da Previdência poderia "também levantar a necessidade de medidas fiscais adicionais" para financiar o crescimento das despesas, o que poderia resultar em "aumento do peso da dívida, com implicações adversas para o crescimento no médio prazo".

Num cenário sem consolidação fiscal, o FMI projeta que o PIB do Brasil neste ano seria nulo, cairia 1% em 2018, repetiria a mesma magnitude de queda em 2019 e só voltaria a crescer em 2021, quando registraria uma expansão de 0,8%, que seria repetida em 2022. A inflação subiria para 5,0% neste ano e alcançaria 6% em 2018 e só baixaria gradualmente a ponto de atingir 5,1% em 2022.

Em relação às contas públicas, a falta de ajuste fiscal sem a reforma da Previdência Social faria com que o déficit primário como proporção do PIB subisse para 2,5% neste ano, atingiria 2,1% em 2018 e 2,4% em 2019. E não haveria superávit primário nos anos seguintes, pois o resultado negativo do Orçamento chegaria a 2,3% em 2020, alcançaria 2,1% em 2021 e chegaria a 2,0% em 2022.

O FMI também projeta uma expansão muito forte da dívida bruta como proporção do PIB sem a reforma da Previdência. O indicador como proporção do PIB atingiria 84,7% neste ano, subiria para 90,8% em 2018 e alcançaria 98,3% em 2019. Em 2020, esse passivo superaria 100% com facilidade, pois chegaria a 105,4%, e continuaria avançando para 111,8% em 2021 e registraria 118,6% do PIB em 2022.