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Belo Monte instala grades em turbinas para evitar morte de peixes

André Borges

Brasília

26/03/2018 19h46

Depois de causar a morte de dezenas de toneladas de peixes em suas várias etapas de construção no Rio Xingu, no Pará, a hidrelétrica de Belo Monte foi obrigada a adotar uma nova medida para acabar, de vez, com a mortandade das espécies causada pelas operações da usina.

Em caráter de urgência, a concessionária Norte Energia, dona da hidrelétrica, vai instalar painéis nas bocas de cada turbina, uma grade que deverá impedir que os peixes entrem nas máquinas ou que sejam triturados pelas hélices, quando estas são acionadas.

No compromisso firmado com o Ibama, que no ano passado multou a empresa em R$ 35 milhões por causar a morte de 16 toneladas de peixes, a Norte Energia assumiu o compromisso de instalar malhas com intervalos de 2,5 centímetros, para impedir que as espécies cheguem aos rotores.

As informações foram confirmadas pela concessionária, que confirmou o adiamento de testes com água de sua nova turbina, por conta da atuação do Ibama.

Questionada sobre o prazo de 20 de março que chegou a dar para conclusão dessas instalações, a empresa declarou apenas que "as providências relativas à instalação do dispositivo para evadir cardumes de peixes das zonas próximas ao tubo de sucção da unidade geradora serão reportadas proximamente ao órgão ambiental".

Reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" publicada em 13 de maio relevou que o Ibama havia determinado os testes e operações de novas turbinas da usina, até que a empresa apresentasse uma solução definitiva para evitar a morte de peixes. Entre fevereiro e março, uma tonelada de peixes mortos foi retirada do local.

A casa de força principal de Belo Monte prevê que 18 turbinas - com capacidade de 611 megawatts de potência cada uma - entrem em operação até meados de 2019. Cada máquina dessas tem capacidade de atender cerca de 2,5 milhões de pessoas.

A Norte Energia já ligou oito desses equipamentos e aguardava a liberação do Operador Nacional do Sistema Elétrico para acionar a nona máquina. Com a determinação do Ibama, porém, a empresa foi obrigada a apresentar uma solução definitiva para um problema recorrente.

A instalação de uma barreira física sobre as saídas das turbinas já foi uma solução adotada pela hidrelétrica de Teles Pires, também na Amazônia, tendo apresentado um bom resultado, segundo o Ibama.

Paralelamente à instalação das malhas de retenção de cardumes, a concessionária informou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que continuará a utilizar jatos de ar comprimido de alta pressão para afastar os peixes, além de mergulhadores que afugentam aqueles que eventualmente estiverem próximas das pás das turbinas.

O acionamento das máquinas de Belo Monte tem ocorrido justamente no período de piracema do Rio Xingu, a fase de subida e desova das espécies do rio, que costuma ser decretada entre 15 de novembro e 15 de março de cada ano.

A concessionária Norte Energia tem 49,98% de suas ações controladas pelo Grupo Eletrobras. Os demais 50,02% estão divididos entre os fundos de pensão Petros e Funcef e as empresas Neoenergia, Vale, Cemig, Sinobras, Light e JMalucelli.