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Werlang: fragilidade fiscal exige meta para inflação em torno de 4,0%

Altamiro Silva Jr. e Vinicius Neder

Rio

25/05/2018 15h48

Por causa da "fragilidade fiscal estrutural" das contas públicas brasileiras, o governo deveria trabalhar com meta para a inflação mais elevada do que seus pares entre os países emergentes, no máximo em torno de 4,0% ao ano, avaliou nesta sexta-feira, 25, o ex-diretor de política econômica do Banco Central (BC) Sérgio Werlang.

"Temos que ter uma meta de pelo menos 4%. Temos que ter espaço para acomodação fiscal", afirmou Werlang, atualmente assessor da presidência da Fundação Getulio Vargas (FGV). "País que tem fragilidade fiscal estrutural tem que ter meta um pouco mais alta do que os demais", disse Werlang, citando trabalhos recentes de Aloisio Araujo, professor da FGV e pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

Werlang participa de mesa redonda com ex-diretores do BC, durante o XX Seminário Anual de Metas para a Inflação, promovido pela autoridade monetária, no Rio.

Além de metas para a inflação mais elevadas relativamente a seus pares, Werlang sugeriu, em sua fala na mesa redonda, que o BC passe a divulgar ao mercado os modelos que usa em suas projeções.

Segundo o ex-diretor, se os modelos fossem divulgados, surpresas como a verificada na reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidiu pela manutenção da taxa básica Selic em 6,50%, quando o mercado apostava em mais um corte de 0,25 ponto porcentual, seriam evitadas.

"Houve uma decisão agora que muita gente não entendeu muito bem, mas, certamente, se os coeficientes de pass through que o BC usa tivessem sido conhecidos, teria muito menos divergência", afirmou Werlang, ressaltando que o BC não precisaria divulgar seus modelos mais atualizados, pois seria suficiente para o mercado se fossem conhecidos os modelos de seis meses ou um ano atrás.

Werlang também defendeu a divulgação dos votos dos diretores durante as reuniões do Copom. Segundo ele, essa prática melhoraria a transparência e a comunicação com os agentes econômicos, pois as discussões entre os diretores são importantes. "É importante que o voto seja utilizado. Voto é transparência, é mais comunicação", afirmou o ex-diretor do BC.