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Novas prisões por atos violentos estão sendo realizadas, diz Etchegoyen

Tânia Monteiro e Julia Lindner

Brasília

30/05/2018 16h03

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, anunciou que "novas prisões" estão sendo executadas por causa de atos de violência por "grupos estranhos" à mobilização dos caminhoneiros, em greve há dez dias. O ministro não especificou, no entanto, quantas novas pessoas foram presas, nem onde, citando apenas um caso de detenção depois de imagem divulgada na imprensa.

Etchegoyen assegurou que "os nossos caminhoneiros serão protegidos" e que homens de todas as forças federais serão colocados nas estradas para dar segurança à categoria. Ele ainda admitiu que o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que vale até o dia 4 de junho, poderá ser prorrogado "na medida da necessidade".

Embora não tenha detalhado as novas prisões ocorridas, o ministro fez questão de informar que foi preso o homem visto em vídeo divulgado pela imprensa agredindo motorista de cegonheira que vestia camisa vermelha e tentava passar por bloqueio. O ministro se referia a um episódio de violência registrado na terça-feira na BR-153 em Miranorte, na região central do Tocantins. Nas imagens, é possível ver que o caminhoneiro teve a roupa rasgada e recebeu socos. "Estamos trabalhando na identificação e chegando aos responsáveis (pelas violências)", disse o ministro. Na terça-feira, sete pessoas já haviam sido presas em atos semelhantes, no Maranhão. O ministro disse que não poderia dar mais detalhes do que está sendo feito para não atrapalhar o trabalho de identificação dos agressores.

Diante dos episódios violentos, o governo vai definir um número de WhatsApp para que sejam apresentadas novas denúncias de violência e enviados vídeos e fotos dos casos, para que as forças policiais possam agir e decretar a prisões.

Na entrevista coletiva, Etchegoyen pediu "responsabilidade" às mães, para que não levem crianças às estradas para mobilizações que optaram pela violência e pediu aos caminhoneiros que não se deixem intimidar porque as forças de segurança estarão presentes para protegê-los. "Vamos atuar com a energia que se fizer necessária", avisou ele. "Repito para aqueles que nos ouvem, nos veem, para chamar a razão para que as coisas voltem ao limite da civilidade porque limites foram rompidos, não pelos caminhoneiros nem pelo governo, e vamos defender a sociedade e caminhoneiros", emendou. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, por sua vez, disse que o que se viu foi um "espetáculo degradante", e fez um apelo "à sociedade que nos ajude a evitar essa violência", que chamou de "violência política".

O pedido à cooperação da população com informações de bloqueio ou violência foi feito, segundo o ministro Etchegoyen, porque "nem a Polícia Militar, nem a Polícia Rodoviária Federal, nem as Forças Armadas conseguem estar em todos os pontos onde alguém resolva fazer uma violência", declarou ele, acrescentando que "a situação começa a voltar à normalidade, em muitos pontos". O ministro lembrou ainda que o governo está usando todos os protocolos para praticar o exercício da autoridade, ressalvando que "emprego da força não é exercício da violência".

Balanço

Na entrevista, Etchegoyen disse que, naquele momento, só existiam dois pontos de obstrução total no País, que existiam interrupções parciais e que estavam "tratando para demovê-los. "Atingimos 52% da normalidade", afirmou o chefe do GSI. "Não temos tudo que gostaríamos. Mas é compreensível porque o processo para repor estoques é lento", observou. "As notícias de hoje são que caminham para a normalidade, avançam para a normalidade", prosseguiu ele, citando que "não temos mais movimento de caminhoneiros, mas, sim, ações com uso de violência contra os caminhoneiros".

Jungmann informou que o efetivo das Forças Armadas empregado para dissolver bloqueios e ajudar na retomada do abastecimento chega a 20 mil militares, que, somados aos dez mil da Polícia Rodoviária Federal e aos mil da Força Nacional de Segurança Pública, são praticamente quase 30 mil mobilizados. Ele disse ainda que, fora este número, estão ainda o pessoal da Polícia Federal e das polícias estaduais, que também estão nesse trabalho. Há ainda, segundo o ministro, 800 motoristas das Forças Armadas atuando nas estradas.