EUA e China iniciam guerra comercial, assustam mercados e derrubam Bolsas
O risco de uma escalada protecionista derrubou Bolsas de Valores em todo o mundo, em razão de seu potencial impacto negativo sobre o crescimento da economia e do comércio globais. O conflito com a China é o mais novo front de uma ofensiva que já opõe os EUA a seus mais próximos aliados, em razão de tarifas sobre aço e alumínio. E o conflito terá em breve mais um capítulo: o governo Trump deve anunciar dentro de duas semanas restrições a investimentos chineses no setor de tecnologia dos EUA.
Trump afirmou que as tarifas anunciadas ontem serão de 25%, impostas principalmente sobre bens que utilizam tecnologias "significativas" do ponto de vista industrial ou relacionadas ao Made in China 2025 - a política industrial que impulsiona o desenvolvimento de tecnologias que, aos olhos chineses, serão centrais para a economia do futuro, entre os quais robótica, tecnologia da informação, carros elétricos e equipamentos aeroespaciais. Celulares, TVs e outros bens de consumo foram excluídos por Trump.
Os EUA acusam a China de usar subsídios e empresas estatais para estimular esses setores e de exigir transferência de tecnologia de empresas americanas que buscam acessar o seu mercado consumidor. "Os Estados Unidos não podem mais tolerar perder nossa tecnologia e propriedade intelectual por meio de práticas econômicas desleais", afirmou Trump na nota em que anunciou a medida, na qual acusa a China de "roubo".
As tarifas serão aplicadas em duas etapas. A primeira atingirá importações de US$ 34 bilhões e entrarão em vigor no dia 6 de julho. Ainda não está definido quando a barreira sobre os restantes US$ 16 bilhões será adotada. A China vai retaliar nos mesmos valores e datas, com barreiras a centenas de produtos, entre os quais soja e automóveis.
A economista Monica de Bolle, do Peterson Institute for International Economics, disse que as tarifas sobre aço e alumínio já provocaram elevação de preços, movimento que deve se acentuar depois do anúncio de ontem. Se houver pressão inflacionária, ela deverá acelerar o ritmo de elevação de juros nos EUA, com impactos negativos sobre o Brasil. Marcos Jank, presidente da Aliança Agro Ásia-Brasil, teme que o confronto acabe em um acordo prejudicial às exportações do agronegócio brasileiro para a China. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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