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Correção: RTI prevê IPCA de 1,06% em junho, repercutindo efeitos de greve

Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa

Brasília

28/06/2018 12h13

A nota enviada anteriormente contém uma incorreção no trecho que aborda a meta de inflação. Ao contrário do informado, a chance de descumprimento da meta de inflação por índice inferior à margem aceitável em 2018 diminuiu na comparação com março. Sobre a hipótese de descumprimento por inflação acima do teto, a probabilidade permaneceu idêntica à do Relatório Trimestral de Inflação anterior. Segue o texto corrigido.

O efeito da paralisação dos caminhoneiros sobre a economia e a mudança da bandeira tarifária na energia elétrica farão com a que a inflação mensal de junho supere 1%. A previsão foi feita pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, 28. A instituição prevê que o IPCA - o índice oficial - deste mês ficará em 1,06%. O número indica firme aceleração do índice que registrou alta dos preços de 0,40% em maio e 0,22% em abril.

O BC diz que a "expressiva aceleração projetada para a inflação mensal de junho repercute a intensificação dos efeitos da paralisação no setor de transporte de carga sobre os preços de alimentos e combustíveis e a da mudança de bandeira tarifária" no setor elétrico.

Esse pico da inflação no mês de junho, defende o BC, será pontual. "Nos meses seguintes, espera-se que a reversão dos efeitos do desabastecimento, a sazonalidade favorável dos preços de alimentos e a elevada ociosidade dos fatores de produção favoreçam o arrefecimento das taxas mensais".

Essa desaceleração dos preços ocorrerá, segundo prevê o BC, mesmo com "os efeitos defasados da depreciação cambial observada desde o final de abril e da alta projetada para passagens aéreas, em julho".

Para julho, o BC prevê inflação de 0,27%. Em agosto, a desaceleração continua e a instituição espera alta de 0,20%. Confirmados os números, o trimestre acumularia IPCA de 1,54% e a inflação em 12 meses alcançaria 4,23% em agosto.

No Relatório de Inflação, o BC destacou que, apesar da alta dos preços esperada nos próximos meses, "a retomada da atividade em ritmo mais gradual que o esperado e a propagação inercial do baixo patamar inflacionário são fatores que contribuem para manutenção da inflação em patamar reduzido, sobretudo no segmento de serviços e em medidas de inflação subjacente".

No mais recente relatório de mercado Focus, divulgado na última segunda-feira, dia 25, as projeções do mercado financeiro para o IPCA eram de 1,11% em junho, 0,34% em julho e 0,12% em agosto.

Meta de inflação

É mais provável que a inflação de 2018 fique fora da margem aceitável porque será inferior ao piso que superior ao teto. A avaliação consta do RTI divulgado na manhã desta quinta-feira. O documento mostra que a probabilidade de o IPCA terminar 2018 abaixo do piso da meta - de 3% - caiu de 24% calculados em março para 8% atualmente.

Mesmo com essa queda, essa probabilidade é maior que a chance atribuída à hipótese de o índice ficar acima do teto da meta - de 6% - que permaneceu em 2% em junho. O cálculo de probabilidade tem como base o cenário de mercado, que utiliza projeções para o câmbio e a Selic contidas no Relatório de Mercado Focus.

O mesmo fenômeno de aumento do risco de furo do piso da meta foi observado em 2019. Para o próximo ano, a possibilidade furo do piso - de 2,75% - subiu de 17% para 25%. Já o risco de passar o teto - de 5,75% - caiu de 12% para 7%.

O risco de descumprimento da meta de inflação por índices abaixo do aceitável também é maior em 2020. O BC calcula que a hipótese de estouro do piso - de 2,5% - em 2020 cresceu de 14% para 19%. Já a hipótese de descumprimento por inflação acima do teto - de 5,5% - diminuiu de 14% para 10%.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2018 é de 4,5%, sendo que há margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (taxa de 3,0% a 6,0%).

Na última terça-feira, o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmou a meta de inflação de 4,25% para 2019, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,75% a 5,75%). O conselho também confirmou a meta de 4,0% para 2020, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,5% a 5,5%). Além disso, o CMN anunciou meta de 3,75% para 2021, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,25% a 5,25%).