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Grau de repasse cambial à inflação não é sempre uma constante, diz diretor do BC

Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa

Brasília

28/06/2018 14h03

O diretor de Política Econômica, Carlos Viana de Carvalho, afirmou nesta quinta-feira, 28, durante a entrevista coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que o grau de repasse cambial para a inflação "não é sempre uma constante". "Ninguém deve se surpreender se um número diferir em relação a outro, dependendo da conjuntura", disse Viana, em relação aos cálculos quanto ao repasse.

Questionado a respeito dos efeitos da greve dos caminhoneiros sobre a atividade, Viana disse que ainda não há dados sobre isso. "A ideia é que o efeito principal seja temporário, de baixa para a atividade e de alta para a inflação", disse Viana.

Segundo ele, isso tende a ser percebido no mês de junho. A partir do mês seguinte, a tendência é de efeitos menores.

Déficit externo

O diretor de Política Econômica do Banco Central explicou que a forte redução da previsão de déficit externo em 2018 é explicada pelo dólar e a atividade econômica. "A redução da estimativa de déficit em transações correntes reflete dinâmicas recentes de câmbio e atividade", disse.

A projeção oficial do BC para o déficit em transações correntes neste ano caiu de US$ 23,3 bilhões - estimativa feita em março - para US$ 11,5 bilhões. A queda é de 50%.

Entre os itens que explicam essa melhora, a expectativa de superávit da balança comercial ficou mais favorável ao Brasil e passou de US$ 56 bilhões para US$ 61 bilhões. Ao mesmo tempo, a previsão de rombo na conta de serviços caiu de US$ 38,1 bilhões para US$ 35,6 bilhões, sendo que o déficit das viagens internacionais diminuiu de US$ 17,3 bilhões para US$ 15 bilhões no ano.

Por outro lado, a previsão de entrada de Investimento Direto no País (IDP) caiu de US$ 80 bilhões para US$ 70 bilhões - uma redução de 12,5%. Apesar da queda, o diretor do BC preferiu ressaltar que a nova cifra ainda representa 3,6% do PIB. O valor, segundo Viana, propicia "financiamento das transações correntes de forma confortável".

Atividade

Carlos Viana de Carvalho afirmou que o primeiro trimestre do ano foi marcado por um crescimento da economia um pouco mais lento que o imaginado.

Em função disso, conforme Viana, o BC decidiu revisar suas expectativas de crescimento para baixo. No RTI divulgado nesta quinta, o BC passou a projetar um crescimento de 1,6% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Até então, a projeção era de crescimento de 2,6%.

Viana citou ainda que o RTI desta quinta ainda não trouxe as projeções de inflação do BC para o ano de 2021. Isso porque o documento foi fechado antes da reunião da última terça-feira do Conselho Monetário Nacional (CMN), que definiu a meta de inflação de 3,75% para 2021, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual.

Conforme Viana, o RTI de setembro já trará as projeções para o horizonte relevante mais amplo, que inclui 2021.

Escolha da meta

O diretor de Política Econômica do Banco Central afirmou que a escolha da meta de inflação de 2021 não tem implicação para a condução da política monetária atual. Na última terça-feira, o CMN estabeleceu a meta de 3,75% para 2021, com margem de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 2,25% e 5,25%). O ano de 2021, no entanto, ainda não foi incorporado no horizonte relevante tratado no RTI desta quinta, já que o documento já estava finalizado. As projeções referentes ao ano de 2021 serão incorporadas no RTI de setembro.

"A ideia deste horizonte mais longo para fixação de metas pelo CMN é permitir a escolha sem que haja relação com o curto prazo", explicou Viana.

PIB

Viana afirmou ainda que a revisão promovida pelo BC na projeção do PIB de 2018, de alta de 2,6% para avanço de 1,6%, tem a ver, em parte, com os resultados da atividade no primeiro trimestre deste ano. "O PIB no primeiro trimestre ficou aquém do que se vislumbrava", pontuou.