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Eletronuclear começará a pagar a Caixa em julho e teme inadimplência

Denise Luna

Rio

29/06/2018 14h13

Na próxima terça-feira, 3 de julho, será realizada a primeira reunião formal do grupo criado para encontrar uma solução para a bilionária dívida da Eletronuclear com bancos públicos, informou o presidente da estatal, Leonam Guimarães, que nesta sexta-feira, 29, recebeu em Angra dos Reis, onde estão instaladas as usinas Angra 1 e Angra 2, a visita do ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.

Segundo Guimarães, a partir de julho a empresa terá que começar a pagar a dívida com a Caixa Econômica Federal (CEF), desembolsando mensalmente R$ 25 milhões.

Desde outubro, a empresa vem pagando R$ 31 milhões por mês. De acordo com o executivo, é preciso pensar uma forma de refinanciar essa dívida ou a Eletronuclear ficará inadimplente em algum momento.

"A visita do ministro foi muito boa para reforçar a preocupação que ele tem com uma solução para a nossa dívida, ele ficou mais motivado para buscar uma solução o mais rápido possível, ou vamos ficar inadimplentes em algum lugar", explicou. "A dívida com a Caixa é o problema mais urgente", afirmou. Moreira chegou por volta das 9h30 e saiu ao meio dia, informou o executivo.

O grupo de trabalho foi instituído em 25 de junho pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e tem 60 dias para apresentar uma proposta que viabilize a finalização de Angra 3. Angra 1 e Angra 2 estão em pleno funcionamento e gerando uma receita de cerca de R$ 13,1 bilhões por ano, cerca de R$ 270 milhões por mês, informou Guimarães. "Se não tivesse Angra 3 a gente estaria no positivo", avaliou.

O executivo informou que existem vários parceiros internacionais interessados em terminar de construir Angra 3, cujas obras começaram no governo passado mas não seguiram adiante.

Entre os interessados, Guimarães destaca a russa Rosatom, a chinesa CNNC, a EDF em parceria com a Mitsubishi, e mais recentemente um grupo norte-americano de articulação de negócios também demonstrou interesse na obra. "Eles vão estruturar um consórcio para apresentar uma proposta", afirmou.

Guimarães lembrou, no entanto, que para atrair investidores o governo precisa solucionar o problema da tarifa de energia nuclear, hoje considerada muito baixa para o custo de sua produção.