'É uma tentativa de legitimar ações adotadas', diz Welber Barral
Apesar de a guerra comercial iniciada pelo governo de Donald Trump ter chegado ao "local adequado", a Organização Mundial do Comércio, não há sinais de que haverá uma redução dos danos causados por ela, segundo Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento. "É possível que essa guerra tenha custos altos para o mundo inteiro e não há indicações contrária a isso", diz.
A guerra comercial se acirra com esse episódio ou enfraquece, já que a questão passa a ser debatida num órgão multilateral?
As questões estão sendo discutidas no local adequado. Mas é difícil negociar com os EUA, porque não se sabe o que eles querem. O Trump fez uma declaração, no início disso tudo, de que é fácil ganhar uma guerra comercial. Mas o que se está descobrindo é que ninguém ganha nessa guerra. O governo adotou medidas que tiveram retaliações maiores do que se esperava, que estão encarecendo a produção nos EUA e fazendo as exportações americanas perderem mercado. Os EUA se colocaram numa armadilha. É possível que essa guerra tenha custos muito altos para a economia do mundo inteiro e hoje não há indicações contrária a isso.
Trump travou a nomeação de dois juízes no órgão de apelação da OMC. A OMC está debilitada para debater as queixas?
As queixas vão antes para um painel de especialistas. Ali, pode levar dois anos para haver um posicionamento. Depois, é possível recorrer ao órgão de apelação. Mas hoje é claro que há uma sobrecarga no órgão pela não indicação dos juízes.
Como o sr. analisa essa nova estratégia do Trump? Não é um contrassenso recorrer à OMC após debilitá-la?
Parece que sim, mas é um pouco uma tentativa de legitimar as ações que já adotou.
É possível prever a tendência de análise do painel?
Os EUA adotaram medidas contra importação de aço baseados na cláusula de defesa nacional da OMC. Os outros países já tinham reclamado na OMC e adotaram retaliações. Agora, os EUA reclamam que esses países não poderiam retaliar. Esses casos serão discutidos conjuntamente. A questão é se a imposição da barreira pelos EUA tem fundamento legal. Se tiver, o que é difícil, os países não poderiam retaliar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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