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Junho foi quarto mês consecutivo de alta do saldo de crédito, diz BC

Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues

Brasília

27/07/2018 11h59

O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta sexta-feira, 27, que o mercado de crédito teve desempenho favorável em junho, em diversos ângulos. Segundo ele, o aumento no estoque total de crédito ocorreu pelo quarto mês consecutivo em junho, e com aceleração em relação a maio.

"Houve aumento do saldo de crédito tanto para pessoas físicas como para pessoas jurídicas, sendo que para empresas foi até maior que para família", destacou. "O saldo do crédito direcionado está estável nos últimos três meses, o que pode significar que a trajetória de queda chegou ao fim", completou.

Rocha também apontou a queda nas taxas de juros e dos spreads bancários em junho. "Por fim, houve uma redução também na inadimplência. Então, de forma geral, houve resultados favoráveis", acrescentou.

Rocha disse que o crédito para empresas continua sendo puxado pelas modalidades mais curtas ligadas ao capital de giro, como desconto de duplicatas e antecipação de faturas. "No caso de junho, o financiamento a exportações também marcou o crescimento", afirmou. "Apenas o crédito direcionado para pessoas jurídicas ainda está no campo negativo", acrescentou.

Já para pessoas físicas, Rocha destacou a redução nos saldos de cheque especial e cartão de crédito em relação a maio, provavelmente devido à base de comparação que inclui o Dia das Mães no mês anterior. "Por isso o crescimento no crédito para famílias desacelerou em junho, mas a expansão está mantida", completou.

Segundo Rocha, as taxas de juros do cheque especial voltaram a cair em junho, chegando 304,9% ao ano. "Esse movimento de redução dos juros na modalidade vem desde março", apontou. A taxa ao mês do cheque especial ficou em 12,4% em junho. Segundo Rocha, esse é o menor patamar desde março de 2016.

Ele avaliou ainda que a paralisação do transporte de cargas entre o fim de maio e o começo de junho não impactou o mercado de crédito no País. "Não vimos impacto claro da greve dos caminhoneiros sobre o crédito", afirmou. No mês passado, houve aumento do estoque de crédito, queda nos juros e nos spreads, além de redução da inadimplência. Segundo ele, a inadimplência das empresas e famílias já vinha em redução nos meses anteriores. "Isso é consistente com o fim da recessão", explicou.

Endividamento das famílias

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 41,6% em maio, ante 41,3% em abril. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento foi de 23,3% em maio, ante 23,1% em abril.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) Contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) passou de 20,2% em abril para 20,3% em maio. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda foi de 17,7% para 17,8% no período.