Diretor do Bird diz ter 2 'nãos' à necessidade de política industrial no Brasil
"Se a gente faz um benchmarking, a primeira coisa que a gente vai ver é que a taxa de investimento e baixa. Então você não precisa de uma pauta de política industrial porque se não investe não vai crescer nunca", disse o diretor do Bird durante o seminário "Retomada da Indústria - Uma Estratégia de Longo Prazo", promovido pela Associação Brasileira de Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib), em São Paulo.
O primeiro "não", de acordo com o economista, é também porque a taxa de poupança no Brasil nunca chegou à proporção de 30% do PIB como ocorre nos países asiáticos. Para ele, mesmo que o setor público ajude, a taxa de poupança não será elevada à proporção de 30% do PIB. Soma-se aí, de acordo com o executivo, o baixo posicionamento do Brasil nos rankings de países no quesito infraestrutura.
"No item ambiente de negócios do Banco Mundial o Brasil está colocado na 125ª posição, atrás de Rússia e Índia. Estes dois países estavam perto do Brasil, mas nos últimos dez anos eles fizeram reformas microeconômicas importantes. O Brasil não fez e está ainda nesta posição", disse, acrescentando que na área da calibragem tributária o Brasil aparece na 183ª posição, um dos piores do mundo, e é uma das economias mais fechadas do mundo.
O segundo "não", de acordo com Raiser, é porque o Brasil já tentou várias políticas de incentivo à indústria que não tiveram muito efeito. "Alguns programas como o cartão BNDES, por exemplo, tiveram efeito, mas a maioria dos programas não teve efeitos positivos", criticou.
O "talvez", de acordo com o economista é porque o Bird ser contra políticas industriais não faz sentido. "As evidências são de que todos os países que tiveram sucesso de produtividade sustentável na área econômica tiveram algum tipo de política industrial", disse. Mas, de acordo com ele, para que uma política industrial dê certo é preciso análises profundas das falhas de mercado que essa política se propõe a atacar.
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