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Votorantim, Pátria e Squadra avaliam participar do leilão de usinas da Cesp

Renée Pereira e Mônica Scaramuzzo

São Paulo

12/10/2018 07h51

O grupo Votorantim e as gestoras de investimentos Pátria e Squadra avaliam disputar o leilão de privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), marcado para semana que vem, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. A venda será feita por meio de uma oferta pública de aquisição, com preço mínimo de R$ 14,30 por ação - valor menor que o previsto inicialmente, de R$ 16,80. No total, o governo de São Paulo vai embolsar R$ 1,5 bilhão e a União, algo em torno de R$ 1,3 bilhão de outorga.

Várias companhias acessaram o data room (espaço virtual com informações sobre da empresa) para avaliar os números da Cesp, mas muitas delas desistiram do leilão ou estão menos ativas no processo. A lista de companhias que já analisaram a estatal paulista inclui a gestora Vinci Partner, Engie e China Three Gorges (CTG) - empresa que comprou Ilha Solteira e Jupiá da Cesp.

Restaram as três que ainda avaliam participar do processo, mas não bateram o martelo. O ambiente político é a principal questão na mesa, segundo fontes ouvidas pelo jornal. Interessados argumentam que a instabilidade criada no setor elétrico com as mudanças regulatórias feitas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) inibe investimentos. Aliada a isso, a recente declaração do candidato Jair Bolsonaro (PSL) de que a Eletrobras é considerada estratégica também assustou potenciais investidores, que temem intervenções no setor.

Uma das interessadas no leilão é a divisão de energia do grupo Votorantim, que tem como parceira o fundo de pensão canadense Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB). A companhia considera que os ativos da Cesp fazem sentido ao negócio, mas a decisão final será tomada semana que vem.

Com parte de seus investimentos voltados em infraestrutura, o Pátria também analisa os ativos da Cesp. O fundo tem olhado infraestrutura, como concessões de rodovias e ativos no setor elétrico. A Squadra ainda não teria conseguido levantar os recursos e estaria estruturando um grupo para participar do leilão, disseram fontes.

Segundo especialistas, que preferem não se identificar, alguns investidores desistiram da Cesp por causa da preocupação com esqueletos que possam existir na empresa e que estejam subdimensionados - o saldo de ações judiciais da elétrica é da ordem de R$ 10 bilhões, segundo o balanço da companhia. Há ainda a questão do risco regulatório, que tem causado um rombo bilionário no setor elétrico, e também na Cesp. Segundo fontes, esse seria um dos fatores que estariam afastando a chinesa CTG da disputa.

Procurados, Pátria e Votorantim não comentam. Já a Squadra não retornou os pedidos de entrevista.

Condições

Marcado inicialmente para 2 de outubro, o leilão de privatização da Cesp foi adiado por causa de uma decisão judicial às vésperas da disputa. Embora não descarte novas liminares, o secretário da Fazenda de São Paulo, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, diz que o certame está garantido para sexta-feira que vem, apesar da turbulência política que tem atrapalhado decisões de investidores. "Do ponto de vista de Estado, as condições não mudaram. A venda da empresa está sendo estudada desde 2006 e está madura."

Ele afirmou que, por ora, não dá para avaliar o resultado da disputa e se os interessados vão efetivamente apresentar propostas. "Medimos o interesse pela busca de informações das empresas, mas só saberemos o resultado na sexta-feira."