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'Com Plano Guedes, Brasil será nova China', diz empresário

Adriana Fernandes

Brasília

08/11/2018 08h20

Uma das lideranças do movimento liberal no Brasil, o empresário Winston Ling, que mora na China desde 2001, foi quem aproximou Jair Bolsonaro do economista Paulo Guedes, futuro ministro da Economia. Filho de imigrantes chineses que fundaram o Instituto Ling de Porto Alegre, Winston prevê que, se o plano de Guedes for implementado, o Brasil será a nova China.

"Eles estão agora desacelerando, e esse espaço, eu espero, será ocupado pelo Brasil", diz ele, que comanda a Wintech Ventures, que investe em startups em vários países do mundo.

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Como foi a sua aproximação com Bolsonaro?

Quando o encontrei pela primeira vez, em 2016, dei dois livros sobre o liberalismo: "A Lei", de Frederic Bastiat, e "Seis Lições", de Ludwig Von Mises. Eu via a movimentação do Bolsonaro e senti que ele tinha popularidade e que teria chance de ser presidente. Sou do tipo que gosta de se aproximar das pessoas e evangelizar sobre o liberalismo.

A Bia Kicis (agora deputada federal eleita pelo DF) caiu do céu. Ela queria me conhecer, e eu queria conhecer o Bolsonaro. Eu acreditava que, se ele tivesse alguma chance de ser presidente, era hora de começar a pensar no programa econômico e organizar um grupo de conselheiros com empresários e economistas liberais.

O que se espera do governo Bolsonaro na área econômica?

O Paulo Guedes é bastante radical no liberalismo, e tudo que estamos vendo até agora confirma a esperança de que se consiga fazer alguma coisa correta de diretriz de política econômica. A redução dos ministérios é um exemplo. Guedes falou em oito ministérios. Bolsonaro, em 15. Assim, vamos negociando e quem sabe se chega a 12.

Por que é tão importante a redução dos ministérios?

Numa empresa, há um limite de pessoas com quem o administrador consegue trabalhar e conversar. Hoje, são 39 ministérios. É muita gente para administrar. Fiquei aliviado em saber que o Mdic [Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços] vai ser fundido com Fazenda e Planejamento. É importante reduzir a pressão dos empresários lobistas e corporativistas em cima do governo.

Bolsonaro e Guedes vão resistir a essa pressão?

Eu e todos deveríamos torcer para que resistam porque empresário tem de ser empresário.

Guedes comprou uma briga grande quando disse que o governo Bolsonaro ia salvar a indústria, apesar dos industriais.

Ele comprou uma briga grande. A recomendação para todos os empresários, industriais, fazendeiros é: vamos focar no nosso negócio e melhorar a nossa eficiência na produção, tirando o foco do governo.

O que é mais imediato?

Há muita coisa para fazer na área tributária e desregulamentação. O Paulo vai equiparar o Brasil ao resto do mundo, que está reduzindo o Imposto de Renda para 20%. Espero uma redução e simplificação dos impostos. Vai ajudar a trazer os investimentos para o Brasil.

Guedes não está comprando muita briga logo no início?

É o jeito dele. Vai dar certo. O Brasil vai se acostumar com o jeito do Bolsonaro e dele também. Estou otimista. Quando eu me mudei para a China, em 2001, era um lugar onde tudo era muito livre, rápido, e a economia crescia a taxa de dois dígitos ao ano. E eu acho que o Brasil vai ser a nova China. Eles estão agora desacelerando, e esse espaço espero que seja ocupado pelo Brasil. Se o Brasil conseguir fazer tudo que o Paulo quer fazer, vai criar um ambiente propício para os negócios.

Mas os chineses estão preocupados com o governo Bolsonaro.

Acho que não vai ter problemas. Não vai ter briga. Não vai estar vinculado à ideologia. Não tem como os chineses ficarem preocupados, e também o Brasil não precisa ficar se preocupar.

Foi Bolsonaro quem manifestou preocupação.

Os brasileiros não conhecem a China. Se o plano Paulo Guedes for implementado, vamos estar anos-luz à frente dos nossos vizinhos. O Brasil será a nova China, e os capitais do mundo vão vir para o Brasil. Os cérebros e investidores virão. Por que eles foram embora? Imposto muito alto, uma confusão de leis e regulamentações. Isso tudo vai ser resolvido.

As informações são do jornal "O Estado de S.Paulo".