Em cúpula no Pacífico, EUA e China divergem sobre comércio e segurança
"Não afogamos nossos parceiros em um mar de dívidas. Não coagimos, corrompemos ou comprometemos sua independência", disse o vice-presidente a delegados na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em um cruzeiro na Papua Nova Guiné. "Os EUA negociam de maneira aberta e justa; não oferecemos um cinto compressor ou uma via de mão única. Quando você faz parceria conosco, fazemos parceria com você e todos prosperamos", declarou Pence.
Em contrapartida, o presidente chinês, Xi Jinping, declarou que o "confronto, seja em uma Guerra Fria, guerra quente ou guerra comercial não produzirá vencedores". Ele também fez referência a batalhas entre os EUA e o Japão durante a Segunda Guerra Mundial, como as do Mar de Coral e de Guadalcanal, que "mergulharam a humanidade em calamidade". Para evitar a repetição de tragédias semelhantes, Xi defendeu que a comunidade internacional precisa se unir em torno da globalização e "rejeitar a arrogância e o preconceito".
Os Estados Unidos têm buscado limitar a influência da China em fóruns multilaterais. Na última quinta-feira (15), durante uma cúpula de nações asiáticas, Pence advertiu que "o império e a agressão não têm lugar na região Indo-Pacífico", sem mencionar o nome da China. Além disso, nos últimos dois anos, empresas americanas investiram mais de US$ 61 bilhões na região, segundo declaração de Pence neste sábado.
O Pacífico Sul é formado por milhares de ilhas e importantes rotas marítimas e pesqueiras e está na mira da China, que vem modernizando suas forças armadas para projetar poder além de sua costa, ameaçando o domínio dos EUA e de seus aliados. Os chineses também têm buscado ampliar seu acesso diplomático e comercial aos países da região.
Durante a cúpula, Pence anunciou que os EUA vão fazer uma parceria com a Austrália para desenvolver novamente a base naval na ilha Manus, na Papua Nova Guiné. A medida foi vista por um assessor do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, como uma provocação aos chineses, já que a base está localizada nas proximidades do sul do Mar da China.
Em coletiva de imprensa, Pence disse também que os EUA querem "ver a China começar a engajar o mundo economicamente de uma maneira que respeite nosso sistema de comércio internacional e todas as nações, grandes e pequenas". Ele comentou ainda que, em reunião com o chefe da delegação de Taiwan, Morris Chang, foi questionado se os EUA seriam receptivos a um acordo comercial com Taiwan, que deseja fazer parte da Parceria Trans-Pacífico, abandonada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. "Eu lhes assegurei (a Taiwan) que nós retribuiríamos esse interesse", disse Pence aos repórteres.
Não está previsto qualquer encontro do vice-presidente dos EUA com representantes da China durante a cúpula, de acordo com um assessor. Fonte: Dow Jones Newswires.
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