Brasil tem 'avenida de crescimento' com 'precipício' dos dois lados, diz Colnago
"Temos uma avenida de crescimento com precipício dos dois lados", afirmou Colnago em café da manhã com jornalistas. "Temos fragilidade muito grande do lado fiscal", acrescentou o ministro.
O governo terá em 2018 o quinto ano de déficit primário e as expectativas são de contas no vermelho pelo menos até 2021.
Colnago, que já foi oficializado como futuro secretário-adjunto de Fazenda no Ministério da Economia de Paulo Guedes, disse também que o novo governo já deu uma indicação forte de que vai continuar com a agenda de reformas macro e microeconômicas, algo que é essencial para a retomada do crescimento. "Essa é uma sinalização muito forte do novo governo, não só de continuidade, mas de aprofundamento", disse.
Segundo o ministro, o País hoje tem uma capacidade ociosa muito elevada, o que dá oportunidade de acelerar o crescimento sem fazer pressão inflacionária. Para aproveitar esse espaço, no entanto, é necessário levar adiante as principais reformas necessárias: previdenciária, tributária e administrativa.
"Não há alternativa para o País que não seja o aprofundamento da agenda de reformas, sejam estruturais, sejam fiscais, de produtividade ou de gestão", afirmou Colnago. Com as reformas, ele disse ser possível ingressar numa trajetória de crescimento de 4% ao ano ou até mais que isso.
Ajuste orçamentário
O ministro do Planejamento afirmou que grande parte do ajuste no Orçamento de 2019 para se adequar à nova estrutura administrativa do governo Jair Bolsonaro será feito por meio de decretos conhecidos informalmente como "de/para". Esse instrumento indica que os recursos previstos originalmente para determinada pasta serão direcionados a outro ministério ou órgão.
"Nós entendemos que grande parte do ajuste orçamentário é possível por meio de 'de/para'. Governo não tem risco de não operacionalizar. Talvez tenha alguns pontos específicos de novas políticas e novos projetos que não sejam possíveis de resolver por meio de de/para, mas não é o grosso", explicou Colnago. "A máquina vai funcionar", garantiu.
O ministro reconheceu que talvez seja preciso enviar um projeto de lei ao Congresso Nacional para ajustar o Orçamento para novas políticas que sejam criadas pelo futuro governo. Mas ele ressaltou que essa é uma fatia menor dentro dos gastos públicos.
Aumentos salariais
A situação fiscal do País torna o momento "inadequado" para novos aumentos salariais como querem os deputados, disse Colnago. Apesar disso, ele reconheceu que a decisão cabe a outro poder.
Em campanha para a presidência da Câmara, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) defendeu na quarta-feira a elevação dos salários mensais dos parlamentares de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, na esteira do reajuste de 16,38% aprovado para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e membros do Judiciário e Ministério Público.
"É decisão de outro poder. Não cabe a mim tratar de decisão de outros poderes, mas fiscalmente eu entendo que o momento não é adequado", disse Colnago.
Além dos salários, os parlamentares também têm direito a verba de gabinete para contratação de pessoal, auxílio-moradia e cota parlamentar. Há ainda o "auxílio mudança", previsto para início e fim de mandatos, cujo valor é equivalente a um salário e pode ser recebido em dobro por aqueles que foram reeleitos.
Judiciário
O ministro reiterou ainda que o entendimento técnico do Planejamento aponta para a necessidade de mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 para viabilizar o pagamento do reajuste aos integrantes do Judiciário. A LDO hoje não tem autorização para aumentos, o que é exigido pela Constituição.
No entanto, ele ressaltou a independência dos poderes, quando questionado se isso inviabilizaria o pagamento do aumento. "Esse é o entendimento técnico do Planejamento", afirmou.
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