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Riscos ligados às reformas e ao exterior têm maior peso, diz BC na ata do Copom

Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa

Brasília

18/12/2018 11h20

O Banco Central voltou a registrar nesta terça-feira, 18, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), o rebalanceamento dos riscos em seu cenário básico de inflação. Assim como havia feito no comunicado da semana passada, o colegiado citou um risco maior ligado à ociosidade da economia e um risco menor relacionado ao andamento das reformas.

No documento, a instituição também pontuou que os riscos ligados às reformas e ao exterior têm maior peso no balanço. Na prática, a instituição seguiu vendo uma "assimetria" entre os diferentes riscos (o desinflacionário e os inflacionários).

Na ata entre os parágrafos 8 e 11, o BC reiterou que permanecem fatores de risco em ambas as direções - ou seja, na direção de alta e de baixa da inflação. Além disso, a instituição voltou a citar os três fatores de risco principais.

Em primeiro lugar, está o risco de que a ociosidade elevada produza "trajetória prospectiva (de inflação) abaixo do esperado". Para o comitê, houve elevação deste risco.

Em segundo lugar, conforme o BC, "uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária". Neste caso, a visão é de que houve arrefecimento do risco.

Em terceiro lugar, o BC reafirmou que o risco ligado às reformas se intensifica "no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes".

Risco por ociosidade

O Copom entende que, desde outubro, aumentou o risco de a ociosidade da economia gerar aumento de preços inferior ao esperado. Por outro lado, diretores do BC reconheceram que diminuiu o risco de frustração das expectativas com o avanço das reformas econômicas. Por isso, os membros do Copom avaliaram que a assimetria no balanço de riscos para a trajetória da inflação persiste, mas de maneira menos intensa.

As avaliações constam da ata da reunião de dezembro do Copom, que manteve o juro em 6,50%. No parágrafo 15, o documento diz que "o risco de o nível de ociosidade elevado produzir trajetória prospectiva de inflação abaixo do esperado aumentou" desde outubro. Já a possibilidade de uma surpresa gerada à frustração nas reformas estruturais diminuiu. No fim de outubro, as eleições gerais elegeram Jair Bolsonaro (PSL) como novo presidente da República.

"Dessa forma, os membros do Copom concluíram que persiste, apesar de menos intensa, a assimetria no balanço de riscos para a inflação", avaliam os diretores do BC. Apesar de a assimetria estar menos intensa, o Comitê ressaltou que "os riscos altistas para a inflação permanecem relevantes e seguem com maior peso em seu balanço de riscos".

No parágrafo 14, os diretores do BC notaram que as projeções para a inflação futura "encontram-se em níveis apropriados ou confortáveis e que as projeções indicam convergência da inflação em direção às metas ao longo de 2019 e 2020".

A trajetória dos números, dizem os membros do Copom, "é consistente com as expectativas de inflação, que permanecem ancoradas". "Ressaltaram, entretanto, os riscos para a consolidação desse cenário no médio e longo prazos, principalmente aqueles relacionados ao andamento das reformas e ajustes necessários na economia brasileira", cita o texto.