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Bolsas dos EUA disparam quase 5%

Victor Rezende, André Ítalo Rocha e Altamiro Silva Junior

27/12/2018 07h20

O retorno do feriado de Natal em Wall Street foi de alívio. Depois da turbulência da última segunda-feira, causada pelas ameaças do presidente americano, Donald Trump, ao comando do Federal Reserve (o banco central dos EUA), as bolsas de Nova York tiveram ontem as maiores altas em quase dez anos.

Por trás de todo o otimismo que imperou ontem, esteve o pedido do presidente americano para que os investidores voltassem às compras de ações depois da onda de vendas que levou os dois principais índices nova-iorquinos - o Nasdaq, de empresas de tecnologia, e o S&P 500, que reúne as principais companhias dos EUA - a uma queda de 20% em relação ao último "pico".

No pregão de ontem, o índice Dow Jones - que funciona como uma espécie de termômetro da economia americana - ganhou 1.086 pontos e fechou em alta de 4,98%, aos 22.878 pontos. Foi a primeira vez na história que esse indicador subiu mais de mil pontos em um único dia. O S&P 500 teve ganhos de 4,96%, para 2.467 pontos, enquanto o Nasdaq saltou 5,84%, para 6.554 pontos. O resultado dos pregões foi o melhor desde março de 2009.

O cenário de "terra arrasada" de Wall Street na última segunda-feira mobilizou a Casa Branca durante o feriado. O governo buscou acalmar os ânimos dos investidores. No dia de Natal, Trump tentou apaziguar as tensões entre seu governo e o Federal Reserve. Apesar de o presidente ter feito novas críticas à autoridade monetária, ele voltou a indicar que não pretende demitir Jerome Powell do comando do Fed.

O presidente também fez elogios ao secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, e exaltou os resultados de empresas americanas para fazer os investidores voltarem às compras. "Temos as maiores empresas do mundo e elas estão indo muito bem. Elas têm tido números recordes. Então, acho que é uma tremenda oportunidade para comprar. Realmente é uma ótima oportunidade para comprar ações", disse.

O pedido de Trump repercutiu nos mercados americanos desde o início do dia, mas, na reta final do pregão, gerou uma aceleração das compras que fez os principais indicadores atingirem sucessivas máximas.

"Espero que haja um alívio nos mercados esta semana. No entanto, muitas preocupações centradas em Washington ainda estão presentes", disse o gerente de portfólio do US Bank Wealth Management, Eric Wiegand. Pensando nessas preocupações, o diretor do Conselho de Assuntos Econômicos da Casa Branca, Kevin Hassett, veio a público para dizer que a permanência de Powell à frente do Fed está "100% garantida".

"Assistimos anteriormente a períodos semelhantes de turbulência nos mercados. Anúncios de uma economia forte geralmente não conseguem vencer uma batalha quando se trata de medo. O tempo e o progresso econômico contínuo, no entanto, devem ser as únicas coisas que funcionam", disse o estrategista-chefe de ações americanas do Citi, Tobias Levkovich.

Os ganhos foram liderados pelo setor de energia. O forte avanço dos preços do petróleo ajudou nos ganhos, com a ação da Chevron em alta de 6,34% e o papel da ExxonMobil com ganho de 4,78%.

Ibovespa. O comportamento do Ibovespa ontem pode ser dividido em duas partes. Pela manhã, o índice abriu em queda como resultado de um ajuste ao forte recuo dos índices norte-americanos na segunda-feira - feriado em São Paulo, mas não em Nova York. À tarde, porém, a perda foi amenizada pela recuperação das bolsas dos EUA e pelo avanço do petróleo, em um dia de noticiário fraco no cenário doméstico.

Por volta das 12 h, quando ainda se ajustava à queda dos mercados internacionais no dia 24, a Bolsa caía 1,59%. No fim do dia, após a melhora do humor no exterior, fechou em baixa de 0,65%, aos 85.136 pontos.

Dólar. O dólar seguiu o mercado externo e fechou valendo R$ 3,9226 (+0,95%), a maior cotação em um mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.