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Verão acelera vendas de ventilador e provoca faltas pontuais

Márcia De Chiara

São Paulo

17/01/2019 16h40

O ano começou com vendas aceleradas para as lojas de varejo da região Sudeste que comercializam produtos de verão. Isso está sustentando o ritmo de crescimento do comércio este mês, que já cresceu 3,6% na primeira quinzena em relação ao mesmo período de 2018, segundo a Associação Comercial de São Paulo.

Desde novembro o desempenho do varejo vem ganhando força, primeiro foi com a Black Friday e, na sequência, com o Natal, que teve um bom desempenho.

Mas o fator inesperado para o comércio e a indústria é o forte calor das últimas semanas. Na primeira quinzena de janeiro, a temperatura máxima na cidade de São Paulo, principal mercado consumidor do país, atingiu 31,5º C. Foram 3,3 graus acima do valor de referência para temperatura máxima de janeiro, que é de 28,2° C, segundo informações da consultoria meteorológica Climatempo.

As altas temperaturas registradas desde de meados de dezembro fez os volumes vendidos de ventiladores da maior fabricante do produto no país, a Mondial Eletrodomésticos, crescerem mais 70% nos últimos 30 dias em relação a igual período do ano anterior. Foi o melhor desempenho de vendas da companhia para o período em três anos.

O aquecimento de vendas da indústria reflete o maior impulso de compras no varejo. Na Lojas Cem, por exemplo, terceira maior rede do país de móveis e eletrodomésticos, os volumes comercializados de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado nos últimos 30 dias dobraram em relação à projeção inicial para o período. A empresa tinha se preparado para repetir os volumes do ano anterior.

No Carrefour, os itens de climatização também estão com alta demanda este ano, tendência que deve ser ainda maior a partir de fevereiro, prevê a companhia. Para 2019, a estimativa geral da varejista para loja física e o e-commerce é de crescimento de até 60% nas vendas dessa categoria de produtos em relação ao mesmo período de 2018.

A rede Extra está tendo o melhor desempenho de vendas de produtos de verão dos últimos três anos. Em dezembro, a venda de ventiladores e climatizadores dobrou em relação à média comercializada entre outubro e novembro do ano passado.

As Casas Bahia e o Ponto Frio já venderam na primeira quinzena de janeiro o volume de ventiladores, aparelhos de ar-condicionado e climatizadores que seria comercializado em janeiro inteiro.

Demanda maior que o esperado

A corrida às lojas já provoca faltas pontuais de ventilador --mais barato, o item que acaba antes do aparelho de ar-condicionado. Mas o abastecimento desses aparelhos também não está folgado.

No início da semana, a reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" encontrou em lojas visitadas a sinalização de que o aparelho de ar-condicionado exposto era o último disponível no ponto de venda.

"Há uma disputa muito grande entre as redes varejistas para receber o produto no prazo", diz o supervisor geral da Lojas Cem, José Domingos Alves.

Ele explica que ainda não faltam ventiladores e aparelhos de ar-condicionado nas mais de 250 lojas da rede. Mas, segundo ele, a produção não está dando conta da demanda. Do lado do varejo, ele admite que as lojas não tinham se preparado para um verão tão quente.

O presidente da Eletros, associação que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos, José Jorge do Nascimento Jr, afirma que a indústria não esperava para este ano um verão tão favorável às vendas de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado.

"Tivemos de reduzir os dias parados na fábrica entre o Natal e o Ano Novo para fazer o inventário por causa do aumento da demanda", diz o sócio-fundador da Mondial, Giovanni Marins Cardoso. A fábrica localizada em Conceição do Jacuípe, interior da Bahia, funciona 24 horas, todos os dias da semana, para atender à demanda.

Cardoso conta que funcionários que trabalhavam em outras linhas de produção da empresa foram realocados para o setor de ventilação. Na sua avaliação, os gargalos pontuais no abastecimento ocorrem por causa da logística do varejo para escoar os estoques dos centros de distribuição para as lojas.

Mas, se o ritmo acelerado de consumo continuar nos próximos meses, os estoques do varejo serão consumidos rapidamente e poderão ocorrer problemas de abastecimento de fato, prevê.