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'Ferrovia não é trajeto Londres-Paris', argumenta ministro

André Borges e Anne Warth

Brasília

08/02/2019 08h03

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, criticou os apontamentos feitos pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira às regras do edital da Ferrovia Norte-Sul, negou privilégio a qualquer empresa e disse que se trata de "opinião dissonante, única e isolada" do representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União.

Ao jornal 'O Estado de S. Paulo', Freitas afirmou que as supostas fragilidades nas regras sobre direito de passagem apontadas pelo procurador "são uma bobagem" e que Oliveira adota uma postura "meio quixotesca" ao cobrar que a malha da Ferrovia-Norte, que somará mais de 2.200 km no eixo central do País, inclua viagens de passageiros e não apenas o transporte de carga.

"O Júlio Marcelo queria trem de passageiro lá, mas não tem demanda para isso. Ele imagina uma pessoa viajando, trabalhando em seu notebook e seu Wi-Fi, mas não estamos fazendo o trajeto de Londres a Paris. Na verdade, a gente está indo de Uruaçu (GO) a Porto Nacional (TO). Você já marcou uma festa com a sua família em Porto Nacional? Não? Eu também não. O que vai passar lá é carga, grão, líquido, fertilizante. É isso que temos de resolver, essa é a vocação da ferrovia", disse.

Tarcísio de Freitas, que antes de assumir o Ministério da Infraestrutura comandava a Secretaria do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), disse que o governo passou mais de dois anos trabalhando na proposta técnica e que esta foi referendada pelos auditores e ministros do TCU. "O que ele coloca não são questões razoáveis, nem pertinentes, tanto é que o plenário derrubou."

Por meio de nota, a empresa de logística VLI, da mineradora Vale, negou ter qualquer tipo de vantagem para participar do leilão da Ferrovia Norte-Sul, afirmou que possui gestão própria, independente e conta com mais três acionistas além da Vale, as empresas Brookfield, Mitsui e FI-FGTS (fundo de investimento que usa recursos do FGTS para aplicar em infraestrutura), sendo que nenhum deles controla individualmente a companhia. Sobre o edital da Norte-Sul, declarou que se trata de um documento "público, transparente e aberto aos interessados em participar do processo de forma igualitária".

Desde 2007, a VLI realizou transportes pontuais no trecho entre Anápolis e Porto Nacional, que será concedido, mas afirmou "trataram-se de duas prestações de serviço específicas para um usuário com planta produtiva em Anápolis e transportes pontuais de trilhos e locomotivas da própria VLI para tramo norte".

Em relação às reuniões entre executivos da VLI e autoridades do governo ocorridas no ano passado, como apurou a reportagem, a VLI afirmou que "trata-se de uma prática corriqueira e transparente envolvendo um prestador de serviço público e representantes dos órgãos responsáveis por essa prestação de serviço" e que essas "interlocuções acontecem em ambientes formais e as agendas são divulgadas e públicas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.