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Na parte de cartão de crédito, Campos Neto vê enorme avanço nos últimos anos

Fabrício de Castro, Eduardo Rodrigues e Silvia Araujo

Brasília

26/02/2019 14h29

O economista Roberto Campos Neto, indicado para a presidência do Banco Central, citou nesta terça-feira, 26, as diversas medidas que a autoridade monetária vem tomando nos últimos anos no mercado de cartões de crédito no sentido de aumentar a concorrência e reduzir as taxas cobradas no rotativo.

"Pretendo me aprofundar nisso", prometeu, em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. "Uma grande evolução para o sistema financeiro será o pagamento instantâneo, automático, sem depender de nenhum processo", acrescentou.

Entre as medidas citadas por Campos Neto, está a abertura do mercado de credenciadores de cartões. "Tivemos quase 30 credenciadoras entrando no mercado, o que reduziu a taxa de intermediação. O processo em curso vai reduzir ainda mais as taxas do cartão", completou.

Já o indicado para a Diretoria de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello, considerou ser uma conquista o fato do debate na sabatina estar concentrado na questão dos spreads bancários, e não mais no patamar da inflação ou na solidez do sistema financeiro. "Me comprometo a avançar na agenda de diminuição do spread", prometeu aos senadores.

Questionado se o BC poderá tomar medidas mais duras para garantir a competição bancária, Mello lembrou que a orientação do atual governo é liberal, mas apontou que a autoridade monetária BC já fez intervenções para fomentar a concorrência, como restrições à taxa de desconto do cartão débito.

"Vamos tentar primeiro fazer com que a concorrência ocorra, mas consideram-se outros instrumentos a serem aplicados à frente se necessário. Com muita calma, porque intervenções mais fortes muitas vezes têm consequências indesejadas, como ocorreu no setor elétrico", completou.

O economista Bruno Serra Fernandes, indicado para a Diretoria de Política Monetária do Banco Central, afirmou, ao tratar dos juros nas diversas modalidades de crédito, que está claro o mapa de onde o BC tem que atacar.

"Cartões de crédito e cheque especial são as duas modalidades que saltam aos olhos. É aí que a gente tem que atacar", afirmou, durante sessão da CAE do Senado. "Bastante coisa tem sido feita na área de cartões. É de fato aí que temos que trabalhar e gastar mais energia", completou.

Subsídios

Após as diversas falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, em defesa do corte de subsídios concedidos bancados pelo Tesouro Nacional no crédito, Campos Neto, indicado para a presidência do Banco Central, disse que o governo não é contra subsídios, mas sim a falta de transparência nesses instrumentos.

"É importante que os subsídios sejam transparentes e mensurados, e que se mostre para a sociedade qual é o retorno deles. A rede de subsídios foi feita com os juros em 14%, mas hoje estão em 6,5%. Gostaríamos de reavaliar os subsídios justamente para colocar mais recursos onde é mais necessário", respondeu em sabatina na CAE do Senado.

O presidente da CAE, senador Omar Aziz (PSD-AM), fez uma intervenção defendendo a importância dos subsídios para as regiões menos favorecidas do País e criticou a política do BNDES para concessões de crédito subsidiado apenas para as grandes companhias. "Subsídio não é esmola", defendeu o parlamentar.

Compulsórios

Fernandes afirmou que há espaço para a continuidade das discussões a respeito da redução dos compulsórios no País. Ele reconheceu que os compulsórios bancários ainda são altos no Brasil, mas citou a queda ocorrida durante a presidência de Ilan Goldfajn no BC.

"O estoque caiu de R$ 500 bilhões para R$ 420 bilhões. Há espaço para seguir discutindo essa agenda de compulsório", afirmou. Fernandes pontuou ainda que outros bancos centrais do mundo usam outros instrumentos, como os depósitos remunerados, para reduzir a liquidez, em vez das operações compromissadas. "Há um projeto de lei enviado ao Congresso sobre isso", disse.