IPC deve fechar março em alta de 0,36% e 2019 em torno de 4%, prevê Fipe
Muito da desaceleração prevista por Moreira para a inflação de março em São Paulo considera um arrefecimento dos preços dos alimentos na esteira da melhora prevista para o clima, com a redução na intensidade das chuvas. Soma-se ao efeito climático a baixa demanda que o desemprego tem provocado na economia.
"Para gente que acompanha preços, não vemos nenhuma pressão inflacionária vida da demanda. É só de custos", disse Moreira.
Ele cita como exemplo do quadro atual a mudança de padrão sazonal do setor de vestuário. "Não vemos mais nenhuma pressão de preços na entrada no mercado de coleções a cada nova estação nem aquelas grandes liquidações nas saídas de estações", disse Moreira.
De acordo com o coordenador da Fipe, o padrão sazonal não só dos vestuário, mas também de outros segmentos, só retornará à normalidade quando o País resolver a questão do desemprego. Ocorre, diz ele, que o desemprego será uma das variáveis que mais vai demorar para voltar ao padrão normal.
Moreira concorda com alguns economistas segundo os quais a questão do desemprego poderá levar todo o tempo do governo Bolsonaro para ser resolvida. "Se pegarmos o nível de emprego que chegou a 6,5%, vai demorar muito tempo para voltar à normalidade", disse o coordenador da Fipe.
Feijão, batata e alface
Feijão, batata e alface. Três alimentos que sintetizam a variação de 0,54% do IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) na primeira quadrissemana de março, conforme definiu Guilherme Moreira.
O feijão, de acordo com a tomada de preços da Fipe na capital paulista na primeira quadrissemana deste mês, teve seu preço aumentado em 59,69%. No ano, o grão já acumula alta de 80%. A batata teve seu preço majorado em 28,19% no período das últimas quatro semanas comparativamente às quatro semanas imediatamente anteriores. O preço da alface sofreu uma elevação de 25,23%.
Nos três casos, os aumentos dos preços estão relacionados ao clima. A alface, que dos três produtos é a que tem o ciclo de produção mais curto, está refletindo as fortes chuvas das últimas semanas sobre os cinturões verdes próximos da capital paulista. No caso do feijão e da batata, são chuvas e o forte calor ocorridos há mais tempo.
"O índice todo é feijão, batata e alface", disse Moreira.
Mas ele relativiza as pressões sob o diagnóstico de uma melhora do clima com o final do verão e já cita variações na ponta (média de preços na última semana em comparação com a semana anterior) que apontam para a diminuição do ritmo de alta, rumo à estabilidade.
Tirando os alimentos, a alta mais expressiva no IPC-Fipe na primeira leitura de março foi a do IPTU na capital paulista. Subiu 5,73%, mas já num ritmo menor que o aumento de 7,71% do fechamento de fevereiro.
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