Boxe antecipado do BC sobre o REB mostra estabilidade no crédito reestruturado
Da mesma forma, a proporção de tomadores de crédito reestruturado - normalmente clientes com severas dificuldades financeiras, já com o atraso de parcelas - se manteve em torno de 0,3% do total de tomadores no período. Isso significa 252 mil novas reestruturações a cada mês.
O boxe do relatório mostra ainda que a maior parte do tomadores que precisam reestruturar seus contratos possui dívidas inferiores a R$ 3 mil. Das 278 mil pessoas que reestruturam seus empréstimos em dezembro do ano passado, 178 mil deviam valores menores que esse montante. De acordo com o estudo, esses 65% de tomadores responderam por apenas 8% do saldo reestruturado no último mês de 2018.
Já as dívidas maiores, superiores a R$ 50 mil, responderam por 63% do saldo da carteira reestruturada, embora se concentrassem em menos de 5% dos tomadores em dezembro. De acordo com o BC, esses porcentuais também se mostraram estáveis, na média, nos dois anos analisados pelo estudo.
Dentre os clientes que chegaram ao ponto da reestruturação de dívidas de crédito em dezembro, 70% tinham renda mensal inferior a três salários mínimos. O saldo reestruturado por essas pessoas somou R$ 1,2 bilhão, ou 43% do valor das operações reestruturadas naquele mês. Já os tomadores de alta renda, acima de dez salários mínimos, reestruturaram R$ 660 milhões em dívidas em dezembro, ou 23% dessa carteira.
Embora menor em quantidade de tomadores - cerca de 15 mil -, quase metade do valor reestruturado em dezembro do ano passado se referia a dívidas do crédito imobiliário. O montante naquele mês chegou a R$ 1,3 bilhão, ou 46% da carteira reestruturada. Isso porque 69% das operações reestruturadas com valor acima de R$ 50 mil estão no crédito para imóveis.
Já a modalidade com o maior número de operações reestruturadas é o cartão de crédito. Em dezembro de 2018, o segmento respondeu por 27% do total de reestruturações no mês, embora o valor tenha representado apenas 6% do saldo reestruturado.
O boxe analisa ainda a efetividade dessas reestruturações e mostra que 48% do saldo reestruturado no fim de 2017 (por 45% dos tomadores) estava pago ou em dia 12 meses depois, em dezembro do ano passado. Do restante do saldo, 23% estavam com atraso inferior a 90 dias, 15% estavam inadimplentes e 18% já haviam sido lançados pelos bancos como prejuízo. Esses porcentuais também se mantiveram estáveis ao longo do período analisado pelo estudo.
Os dados revelam ainda que a efetividade da reestruturação de crédito após 12 meses é maior nos empréstimos imobiliários, com 83% da carteira reestruturada paga, adimplente ou com atraso inferior a 90 dias. "Esse comportamento pode estar relacionado com o fato de o crédito imobiliário ser de alto volume e envolver uma boa garantia, levando a um maior interesse tanto por parte do tomador quanto da instituição concedente em mantê-lo adimplente", explica o documento.
Já no caso do cartão de crédito, esse resultado cai para 55% do saldo reestruturado. "A permanência dos tomadores na modalidade cartão de crédito é preocupante dado seu alto custo, que tende a levar ao aumento da inadimplência. Essa análise é compatível com a participação do cartão de crédito na carteira inadimplente", destaca o estudo.
"Reforça-se assim a importância de ações de cidadania financeira, alertando para a adequada utilização dessa modalidade de crédito ou sua substituição por outras mais convenientes e menos custosas", conclui o BC.
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