FGV: apesar de espera por FGTS, mercado de trabalho ainda trava ímpeto de compra
A expectativa pela liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) melhorou o humor do consumidor brasileiro em agosto, mas o mercado de trabalho ainda em situação crítica está travando o ímpeto de compras de bens de consumo duráveis. O saldo positivo do Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em agosto deve ser encarado com certa cautela, alertou Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O ICC subiu 1,1 ponto em agosto ante julho, para 89,2 pontos, patamar considerado ainda na zona desfavorável. "O índice está longe ainda dos 100 pontos, do patamar de neutralidade", explicou Seda Bittencourt.
Em agosto, o Índice de Situação Atual (ISA) aumentou 3,4 pontos, para 78,7 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou 0,5 ponto, para 97,2 pontos.
O componente que mede o otimismo das famílias com a situação financeira nos próximos meses avançou 7,1 pontos. As avaliações dos consumidores sobre a situação financeira atual cresceram 4,7 pontos, para 74,9.
"A melhora na confiança foi motivada pelas famílias na faixa de renda 1 (que recebem até 2.100 mensais). Na minha avaliação, isso está relacionado à expectativa de liberação do FGTS e do PIS/Pasep. Não sei se é um fenômeno tão sustentável. A avaliação do emprego piorou. A expectativa para essa faixa de renda também está piorando", lembrou a pesquisadora do Ibre/FGV.
A intenção de compras de bens duráveis caiu 10,9 pontos em agosto, para 72,2 pontos, o menor nível desde janeiro de 2017.
"Como não está vendo recuperação do mercado de trabalho, o consumidor ainda está cauteloso para comprar. O emprego não está vindo", disse Seda Bittencourt.
Entre as famílias com renda mensal até R$ 2.100, a confiança cresceu 5,2 pontos em agosto. Na faixa mais rica, com renda mensal acima de R$ 9.600 mensais, a confiança recuou 0,7 ponto.
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