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Concorrente vê união de BB e UBS com ceticismo

Aline Bronzati. Com Cristiane Barbieri e Mônica Scaramuzzo

São Paulo

28/09/2019 08h10

O avanço da parceria entre Banco do Brasil e o banco de investimentos UBS, cujo memorando de entendimentos foi assinado esta semana, gera sensações mistas entre os concorrentes. Enquanto uns demonstram certo incômodo, outros dão de ombros, acreditando não só que a união não vá ter impacto no mercado como também que não durará muito tempo. Ao contrário: como consolida dois concorrentes em um, pode, inclusive, diminuir a competição, na visão de um executivo graduado da área.

O fato de a Caixa Econômica Federal também ventilar o desejo de ter um banco de investimentos, projeto deixado de lado na gestão atual, ajudou a incomodar a concorrência que temia um possível avanço estatal no segmento.

"Não é bem por aí. O BB não vai acompanhar os bancos privados", diz o responsável por um banco de investimentos, na condição de anonimato. "Se está se juntando com o UBS, a concorrência vai diminuir, não aumentar. Já competimos com BB e UBS."

Ele não é o único a pensar assim. "O racional por trás da iniciativa do BB eu consigo entender perfeitamente: o banco passa a ter acesso a um mercado mais rentável. Para o UBS, não sei qual a vantagem, já que o comando - e a prioridade do banco - muda a cada quatro anos e o lucro será dividido por dois. O UBS pode canibalizar seu próprio negócio", diz o principal executivo de outra instituição, a quem foi oferecida a parceira.

Vai e vem

No ano passado, o BB ofereceu o negócio a todos da Avenida Faria Lima, reduto do mercado financeiro em São Paulo, quando o banco, ainda na gestão de Paulo Caffarelli, começou a procurar por um sócio na área de banco de investimentos. Já na ocasião as conversas foram afuniladas com o UBS, mas não avançaram por conta das eleições presidenciais e a consequente troca de governo.

Sob o comando de Rubem Novaes, a nova gestão do BB retomou o processo de busca de um sócio de onde parou, ou seja, das negociações com o UBS. Agora, tem planos ambiciosos. O banco público aposta na união com o suíço para disputar a liderança do mercado de ações em três anos, diz uma fonte, na condição de anonimato. Se conseguir tal feito, poderá encostar nos pares Itaú Unibanco e Bradesco, que se digladiam pelas primeiras colocações ao lado de bancos de investimentos "puro sangue" como BTG Pactual e JPMorgan.

Analistas que acompanham o banco público, por outro lado, veem o negócio do BB com o UBS como um passo positivo. Até mesmo porque, com a migração de recursos da renda fixa para a bolsa em meio à queda dos juros, o chamariz para empresas captarem recursos via ofertas de ações aumenta, estendendo um horizonte favorável para os bancos de investimentos nos próximos anos. O ano de 2019, por exemplo, pode ser o melhor para este mercado desde 2007, quando houve um boom no setor com R$ 70 bilhões em ofertas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.